Autor do livro «Cartas de um Teólogo a um Jovem de Hoje» identifica que os «jovens precisam de ser ouvidos e de quem lhes tire dúvidas»
Porto, 19 mai 2023 (Ecclesia) – Alexandre Freire Duarte, docente universitário e autor do livro “Cartas de um Teólogo a um Jovem de Hoje”, disse à Agência ECCLESIA que “os jovens precisam de ser ouvidos e de quem lhes tire dúvidas”.
“Os jovens estão cansados de promessas de amor, precisam de alguém que os acompanhe, nomeadamente, porque sei de quanto traumático pode ser o processo de entrada na universidade, muitas vezes por falta de tempo abandonam os grupos eclesiais a que pertenceram e são confrontados com visões do mundo contrárias e, por vezes, contraditórias com as que foram assumindo quando cristãos e não têm com quem desabafar e questionar”,refere o autor.
O docente da Universidade Católica Portuguesa, no Porto, conta que muitos jovens “quando chegam à Universidade se sentem perdidos” e esta publicação nasceu de um “conjunto de cartas em respostas às inquietações dos alunos”.
O entrevistado deixa como sugestão a “criação de uma linha telefónica SOS” para onde os “jovens universitários católicos poderiam falar, ter ali alguém que os ouvisse e os fizesse ultrapassar melhor o período que vivem”.
“No âmbito da lecionação da minha disciplina (Mundividência Cristã), que não era muito compreendida, iam-me fazendo perguntas, se existia sinfonia entre o que falava e o que ia vivendo, havia perguntas bastante pessoais e fui percebendo que às vezes era mais importante suspender a lecionação e dar o tempo necessário para responder às perguntas”, explica.
Alexandre Freire Duarte foi reunindo as respostas escritas em forma de carta, “ao longo de quatro anos para serem publicadas de dois em dois meses”, todas se dirigem a pessoas reais.
São preocupações de uma juventude, de uma geração de jovens a que chamo a Geração Z+C, aqueles que passaram pelo Covid, muitos traços comuns estão presentes nestas inquietações e que estão, em geral, presentes nesses jovens”.
A publicação com mais de 100 páginas (Edições Carmelo), salta do meio académico para dar “respostas verdadeiras e francas” aos jovens mas, também, a “qualquer pessoa que tenha estas inquietações e dúvidas”.
O docente da Faculdade de Teologia, da Faculdade de Psicologia e do Instituto de Ciências da Saúde, da Universidade Católica Portuguesa, aponta ainda que o tempo de Universidade é “período de incertezas, preocupações e inquietações”, onde atualmente acrescem as alterações climáticas, o Covid e a guerra na Ucrânia, e tudo “isso afeta quem está no processo formativo da sua identidade”.
Depois de participar em quatro edições da Jornada Mundial da Juventude, Alexandre Freire Duarte olha a JMJ Lisboa 2023 como “oportunidade única” que “tem de ter um depois”.
“Eu julgo que a JMJ poderá ser oportunidade única não só para os portugueses mas para quem vem cá desfrutar, com a condição que haja um ‘after’, um depois, que não haja balão que seja enchido rapidamente pelas vivências fortes, pela experiência que tenho de quatro edições da JMJ o que mais me ficou na memória e marcado na vida foram os momentos de dificuldade, de precisar de ajuda, e ter alguém com um sorriso, de coração nas mãos e a estender os braços e ajudar, isso não se esquece”, recorda.
O entrevistado acrescenta ainda que se “o balão esvaziar é normal” mas não que aconteça rapidamente, porque mostra que “não houve transformação, não houve sementeira”.
A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, este sábado, pelas 06h00, ficando depois disponível online e em podcast.
SN