Igreja/Islão: «Condenação e rejeição da guerra devem ser inequívocas», defende o Vaticano

Dicastério para o Diálogo Inter-religioso enviou mensagem a muçulmanos, assinalando início do Ramadão

Cidade do Vaticano, 15 mar 2024 (Ecclesia) – O Vaticano assinalou hoje o início do mês do Ramadão, com uma mensagem para todos os muçulmanos em que alerta para “o número crescente de conflitos” no mundo e defende a promoção conjunta da paz.

“A condenação e a rejeição da guerra devem ser inequívocas: toda a guerra é fratricida, inútil, insensata e obscura. Na guerra, todos perdem. Mais uma vez, nas palavras do Papa Francisco: ‘Nenhuma guerra é santa, só a paz é santa’”, pode ler-se no texto do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

A mensagem, com o título “Apagar o fogo da guerra e acender a vela da paz”, é assinada pelo prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, D. Miguel Ángel Cardeal Ayuso Guixot, e o secretáriodo organismo, mons. Indunil Kodithuwakku Janakaratne Kankanamalage.

“O número crescente de conflitos nos nossos dias, que vão desde os combates militares até aos confrontos armados de intensidade variável, envolvendo Estados, organizações criminosas, bandos armados e civis, tornou-se verdadeiramente alarmante. O Papa Francisco observou recentemente que este aumento das hostilidades está, de facto, a transformar ‘uma terceira guerra mundial travada de forma fragmentada” num “verdadeiro conflito global’”, lamentam.

Os responsáveis falam nas causas dos conflitos que “são múltiplas, algumas antigas, outras mais recentes”, enunciando o “perene desejo de domínio, as ambições geopolíticas, os interesses económicos” a que se junta o “comércio contínuo de armas”.

Enquanto uma parte da nossa família humana sofre dolorosamente com os efeitos devastadores da utilização destas armas na guerra, outros regozijam-se cinicamente com o grande lucro económico resultante deste comércio imoral. O Papa Francisco descreveu esta situação como um ato de mergulhar um bocado de pão no sangue do nosso irmão”.

A mensagem aborda ainda o comum entendimento das religiões sobre a “vida humana sagrada e, portanto, digna de respeito e proteção”.

“Os Estados que permitem e praticam a pena capital estão, felizmente, a diminuir de ano para ano. Um sentido desperto do respeito por esta dignidade fundamental do dom da vida contribuirá para a convicção de que a guerra deve ser rejeitada e a paz acarinhada”., pode ler-se.

O texto menciona a paz como “um dom divino” e ao mesmo tempo “fruto do esforço humano, sobretudo na preparação das condições necessárias para a sua instauração e preservação”.

“Embora com as suas diferenças, as religiões reconhecem a existência e o importante papel da consciência. Formar as consciências para o respeito do valor absoluto da vida de cada pessoa e do seu direito à integridade física, à segurança e a uma vida digna contribuirá igualmente para a condenação e rejeição da guerra, de qualquer guerra e de todas as guerras”, indica o Vaticano.

No final da mensagem, os colaboradores do Papa. afirmam que “a esperança pode ser simbolizada por uma vela, cuja luz irradia segurança e alegria, enquanto o fogo, sem controlo, pode levar à destruição da fauna e da flora, das infraestruturas e à perda de vidas humanas”.

“Caros irmãos e irmãs muçulmanos, juntemo-nos para apagar os fogos do ódio, da violência e da guerra e, em vez disso, acendamos a suave vela da paz, recorrendo aos recursos para a paz que estão presentes nas nossas ricas tradições humanas e religiosas. Que o vosso jejum e outras práticas piedosas durante o Ramadão e a celebração do ‘Id al-Fitr’, que o conclui, vos tragam abundantes frutos de paz, esperança e alegria”, concluem.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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