No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, Francisco diz que «garantir direitos» não é suficiente e pede «conversão nas práticas de coexistência e relações»
Cidade do Vaticano, 03 dez 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje que não basta combater a indiferença e a exclusão de pessoas com deficiência mas importa responder às suas “necessidades mais profundas”, de ordem “corporal, psíquica, social e espiritual”.
“Não basta defender os direitos das pessoas; é também necessário esforçar-se por responder às suas necessidades existenciais, nas suas diferentes dimensões, corporal, psíquica, social e espiritual. Cada homem e cada mulher, em qualquer condição em que se encontrem, é o portador não só de direitos que devem ser reconhecidos e garantidos, mas também de necessidades ainda mais profundas, tais como a necessidade de pertencer, de se relacionar e de cultivar a vida espiritual até ao ponto de experimentar a sua plenitude”, afirmou numa mensagem enviada à Agência ECCLESIA, durante uma audiência no Palácio Apostólico a pessoas com deficiência,
Francisco reconheceu a missão “profética” da “comunidade cristã” de “transformar a indiferença em proximidade e a exclusão em pertença”, mas indicou haver dimensões da pessoa que são necessárias atender.
“É um dever garantir às pessoas com deficiência o acesso a edifícios e locais de reunião, tornar as línguas acessíveis, e ultrapassar barreiras físicas e preconceitos. No entanto, isto não é suficiente. Uma espiritualidade de comunhão deve ser promovida, para que cada pessoa se sinta parte de um corpo, com a sua própria personalidade irrepetível. Só desta forma cada pessoa, com as suas limitações e dons, se sentirá encorajada a fazer a sua parte para o bem de todo o corpo eclesial e da sociedade”, sublinhou.
O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência é assinalado hoje, desde 1992, por indicação das Nações Unidas, com o objetivo de promover uma maior compreensão da deficiência e fomentar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem-estar das pessoas.
No encontro, no Vaticano, o Papa explicou que a “inclusão” não passará de um “slogan” se não for acompanhada pela “experiência de fraternidade e comunhão mútua”.
“Gerar e sustentar comunidades inclusivas significa, então, eliminar toda a discriminação e satisfazer concretamente a necessidade de cada pessoa de se sentir reconhecida e de se sentir parte. Não há inclusão se faltar a experiência de fraternidade e comunhão mútua. Não há inclusão se continuar a ser um slogan, uma fórmula a ser utilizada no discurso politicamente correto, uma bandeira a ser apropriada. Não há inclusão se não houver conversão nas práticas de coexistência e relações”, sustentou.
Saudando o “empenho das igrejas em Itália” no desenvolvimento de uma “ação pastoral ativa e inclusiva” para com as pessoas com deficiência, Francisco partilhou o seu desejo de fazer das comunidades cristãs um lugar de “pertença e inclusão”, objeto de uma “pastoral ordinária” e não “palavras para proferir em certas ocasiões”.
“Desta forma podemos ser credíveis quando proclamamos que o Senhor ama todos, que Ele é a salvação para todos e convida todos à mesa da vida, ninguém excluído”, sustentou.
“Quando ouvimos boletins diários de guerra, o vosso testemunho é um sinal concreto de paz, um sinal de esperança para um mundo mais humano e fraternal. Avance nesta viagem!”, pediu aos participantes no encontro.
LS