Igreja/Idosos: Coordenador de novo Serviço Nacional assume preocupação com isolamento dos mais velhos

Padre Francisco Ruivo foi nomeado em maio, pela Conferência Episcopal Portuguesa, e já está a formar equipa para trabalho pastoral

Foto: Folha do Domingo/Samuel Mendonça

Santarém, 25 mai 2025 (Ecclesia) – O coordenador do novo Serviço Nacional da Pastoral dos Idosos (SNPI) assumiu a preocupação com a “solidão” das pessoas mais velhas, em Portugal.

“Um dos desafios maiores que nos é colocado é ir ao encontro desta gente que vive completamente só, que não tem nada”, refere o padre Francisco Ruivo, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, emitida e publicada aos domingos.

“Isso é algo que me inquieta bastante. Perceber e ver a solidão em que muitas pessoas que vivem”, acrescenta o sacerdote da Diocese de Santarém.

O responsável fala de uma marca de “agressividade grande, até perturbadora”, provocada pela solidão, recordando que há “gente que está em casa sozinha”.

“Essa é uma realidade a que a Igreja não tem dado grandes respostas, a meu ver. Ou se o tem, não é partilhado, não é falado”, observa.

A uma semana do Jubileu das famílias, das crianças, dos avós e dos idosos, o coordenador do SNPI indica que esta deve ser uma preocupação “permanente”, que responde a uma exigência da Santa Sé.

Considerando que Portugal está no “ponto zero”, em termos estruturais, o padre Francisco Ruivo assinala que é importante começar a “dar alguns passos”, adiantando que conta ter uma equipa constituída nos próximos meses e que vai “incentivar a que possa haver uma pequena estrutura também, em cada diocese”.

A promoção do voluntariado e o protagonismo dos idosos são outras prioridades do SNPI.

“Estou convencido que não podemos pensar uma pastoral da Igreja, verdadeiramente, sem uma pastoral dos idosos”, acrescenta o sacerdote.

Outro dos objetivos passa pela mudança da mentalidade que vê nos mais velhos um “peso” para as famílias e por contrariar a cultura do “descarte”.

O entrevistado cita um estudo apresentado pela Conferência Episcopal da Austrália, segundo o qual “muitos dos idosos pediam a eutanásia, precisamente para não se sentirem um peso para a família”.

“Nós acabamos por ser arrastados e engolidos por essa mentalidade”, adverte.

Para o padre Francisco Ruivo, é preciso ir ao encontro dos que “perderam todo o sentido da vida”.

“É muito importante poder transmitir-lhes esta bem-aventurança de que a esperança é aquela que, no fundo, nos galvaniza para continuar a sonhar, mesmo já não podendo sair de casa”, conclui.

O Conselho Permanente da CEP aprovou, na sua reunião de maio, a criação do Serviço Nacional da Pastoral dos Idosos, integrado no Departamento Nacional da Pastoral Familiar.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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