Especialista assina obra sobre os 300 anos da instituição
Lisboa, 21 fev 2017 (Ecclesia) – O historiador Luís Salgado de Matos considera que o Patriarcado de Lisboa “coincide com uma ideia universal de Portugal, talvez a única ideia universal que tenha havido” em Portugal.
O especialista falava à Agência ECCLESIA no lançamento do seu novo livro, ‘O Patriarcado de Portugal – Três séculos de uma instituição lisboeta, nacional e católica (1716-2016)’, que decorreu esta segunda-feira, na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.
Salgado de Matos realça que este “pequeno livro de conjunto” começa por uma pergunta: “Quando no século XVIII é constituído o Patriarcado de Lisboa, qual é a ideia que existe de Patriarcado?”.
A questão fez o historiador recuar alguns séculos para tomar o pulso ao conceito e só depois foi “ver o que a historiografia portuguesa dizia sobre o Patriarcado”, sobretudo nos séculos XIX e XX.
O livro procura ver como o Patriarcado “funciona na sua época de glória (meados do século XVIII), na sua época de maior crise (século XIX) e na sua época de estabilização (Século XX)”, realça Luís Salgado de Matos.
Com cerca de 150 páginas, a obra também propõe que o Patriarcado “simboliza algo, que ainda hoje é válido e duradouro, que Portugal deve estar ao serviço de uma causa universalizante”.
“Não podem ser as missões, como aconteceu no século XVIII, mas tem de haver, para que Portugal subsista como nação independente, aquilo que está no cerne do Patriarcado, a ideia de universalidade”, reforçou o historiador.
A capa do livro contém um mapa com as fronteiras administrativas do Patriarcado de Portugal porque este “é constituído a partir da capela real, e o rei era rei para todo o país” e “não apenas para Lisboa”, acrescentou.
Em termos de Filosofia Política, no século XVIII e início do século XIX, a capital de Portugal “representa o todo” e o Patriarcado como “entidade simbólica coincide com Portugal”, assinalou Salgado de Matos.
Para o especialista, o conceito de Patriarcado funciona “como uma instância nacional da Igreja Católica”.
Apesar da existência da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), “um órgão coletivo”, no tempo do “PREC – Processo Revolucionário Em Curso – (1974-76), por exemplo, o poder reconhecia como “representante da Igreja” o patriarca de Lisboa.
Ainda hoje, acrescenta Salgado de Matos, o presidente da CEP é “conhecido pelos católicos”, mas o conjunto do país “conhece é o patriarca”.
A apresentação do livro contou com a presença de Jorge Bacelar Gouveia, professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa; D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa; e José Vera Jardim, presidente da Comissão de Liberdade Religiosa.
LFS