Igreja/História: Jubileu de 1575 teve «tonalidade religiosa muito forte e muito definida», por influência do Papa Gregório XIII – D. Manuel Clemente

Patriarca emérito de Lisboa lembra Papa com «grande pontificado, certamente o mais determinante do século XVI»

Lisboa, 13 fev 2025 (Ecclesia) – O patriarca emérito de Lisboa afirmou que o Ano Santo de 1575 foi “claramente um jubileu propriamente dito, um jubileu religioso, sem outro tipo de distrações ou motivações”, presidido pelo Papa Gregório XIII, “absolutamente dentro do espírito tridentino”.

“Era claramente um Papa tridentino. Portanto, um Papa que queria levar a reforma católica da Igreja por diante, enfim, fez todo o possível por isso, com várias atitudes, ao longo do seu pontificado, e que dá ao Jubileu de 1575 também uma tonalidade religiosa muito forte e muito definida”, afirmou D. Manuel Clemente, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje.

Na rubrica sobre a história dos jubileus, que esta semana se centra no terceiro jubileu do século XVI, o cardeal refere que, na altura em se realizou este Ano Santo, já se vivia o “tal espírito tridentino”, lembrando que o Concílio de Trento havia terminado anos antes, em 1563.

“Uma coisa é fazer um concílio, outra coisa é levá-lo à prática”, sublinha D. Manuel Clemente, fazendo também referência ao Sínodo sobre a Sinodalidade, cujas sessões se realizaram em outubro de 2023 e 2024, assinalando que agora é necessário que as dioceses entrem num “ritmo sinodal”.

Segundo o patriarca emérito de Lisboa, tal aconteceu com na altura do Jubileu de 1575 e em tudo dentro do pontificado do Papa Gregório XIII, que “foi efetivamente um grande pontificado, certamente o mais determinante do século XVI”.

O cardeal contextualiza que este Ano Santo decorreu num século “complicado”, num momento em que a Igreja Católica estava “dividida”, que a própria política e as nações estavam em guerra, com conflitos a complicarem-se mais depois do século XVII com a “famosa Guerra dos Trinta Anos”.

“Um jubileu é exatamente o contrário disso. Era um momento de unidade, de congraçamento, de gente vinda toda à parte”, destaca.

D. Manuel Clemente lembra que muitas vezes o Papa Gregório XIII é referido não pelo nome próprio, mas com o adjetivo gregoriano, aludindo à Universidade Gregoriana, em Roma, muito apoiada pelo pontífice, que a transformou numa instituição com reconhecimento pontifício e que tem o seu nome, e ao calendário gregoriano.

“Quando nós dizemos gregoriano em relação ao calendário, quando dizemos gregoriano em relação à Universidade, já sabemos de quem estamos a falar, é deste Papa de Jubileu de 1575”, indica.

O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro ano santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.

O Ano Santo, 27.º jubileu ordinário da história da Igreja, foi proclamado pelo Papa Francisco na bula intitulada ‘Spes non confundit’ (A esperança não engana) e teve início no dia 24 de dezembro de 2024, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, e termina no dia 6 de janeiro de 2026.

PR/LJ/OC

Ao longo da história da Igreja, foram vários os anos jubilares, cuja lista se apresenta em seguida, com referência aos Papas que o convocaram e presidiram

1300: Bonifácio VIII

1350: Clemente VI

1390: Proclamado por Urbano VI, presidido por Bonifácio IX

1400: Bonifácio IX

1423: Martinho V

1450: Nicolau V

1475: Proclamado por Paulo II, presidido por Sisto IV

1500: Alexandre VI

1525: Clemente VII

1550: Proclamado por Paulo III, presidido por Júlio III

1575: Gregório XIII

1600: Clemente VIII

1625: Urbano VIII

1650: Inocêncio X

1675: Clemente X

1700: Aberto por Inocêncio XII, encerrado por Clemente XI

1725: Bento XIII

1750: Bento XIV

1775: Proclamado por Clemente XIV, presidido por Pio VI

1825: Leão XII

1875: Pio IX

1900: Leão XIII

1925: Pio XI

1933: Pio XI

1950: Pio XII

1975: Paulo VI

1983: João Paulo II

2000: João Paulo II

2016: Francisco

2025: Francisco

Igreja/História: 1450 representou «jubileu de transição entre o mundo medieval e o mundo moderno» – D. Manuel Clemente (c/vídeo)

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