Igreja/História: Irmã Anne-Marie Rivier promoveu dinâmica «muito criativa e reformadora», após Revolução Francesa – Pierre Antoine Fabre

Historiador destaca resposta da fundadora das Irmãs da Apresentação de Maria a contexto inédito

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Funchal, Madeira, 09 jul 2025 (Ecclesia) – O historiador Pierre Antoine Fabre destacou hoje a dimensão “criativa e reformadora” de Anne-Marie Rivier (1768-1838), fundadora das Irmãs da Apresentação de Maria, evocando uma figura em “rutura” com o mundo eclesiástico que se conformou à Revolução Francesa.

“Tem uma dimensão muito criativa e reformadora, em particular porque ela, como outros grupos da mesma época, intervém num momento em que o movimento revolucionário faz com que as sociedades religiosas do antigo regime entrem em crise, porque foram destruídas, foram exiladas”, refere o especialista da ‘Êcole des Hautes Êtudes en sciences Sociales’ (Paris), em declarações à Agência ECCLESIA.

A congregação das Irmãs da Apresentação de Maria foi fundada em 1796, em oposição à “dinâmica revolucionária”, mas também numa “nova dinâmica”, de cariz reformador, precisa o historiador.

Pierre Antoine Fabre participa no congresso global ‘Educação, Solidariedade e Evangelização: Da Europa para a Madeira, da Madeira para o Mundo’, que decorre no Funchal entre segunda e sexta-feira, para assinalar o 100.º aniversário da chegada à ilha da Congregação das Irmãs da Apresentação de Maria.

A iniciativa, que é promovida cientificamente pelo Centro de Estudos Globais, conta com a presença de especialistas e investigadores de 23 países, entre 400 participantes.

Segundo Pierre Antoine Fabre, a irmã Anne-Marie Rivier “recupera uma herança, muito particular, das congregações religiosas que tinham uma vida aberta, uma atividade social, pedagógica, ou seja, que não eram clausuradas”.

“Essa mulher, podemos dizer, é uma exilada do interior porque está em rutura, mas ao mesmo tempo reinventa um vínculo com o mundo novo, e isso faz a sua originalidade, e um vínculo que, progressivamente, vai ser não só um vínculo com o mundo social francês, mas também um vínculo com o mundo em geral”, acrescenta.

Foto: Agência ECCLESIA/PR

O historiador destaca a expansão no Canadá, a primeira missão das Irmãs da Apresentação de Maria, nos anos 50 do século XIX, num momento em que “é preciso reinventar um catolicismo colonial que já não está ligado à escravatura”.

Para o especialista, a congregação religiosa é um exemplo da “promoção da mulher”, precisando que “são mulheres que se organizam após uma rutura com uma parte do clero masculino que permaneceu fiel à Revolução Francesa”.

“Elas, efetivamente, assumem uma autonomia de ação, evidentemente espiritual, apostólica, mas imediatamente política, porque é um ato político ter rompido com esse clero juramentado da Revolução”, acrescenta.

A congregação chegou ao arquipélago pela mão de uma madeirense, Leontina de Ornelas e Vasconcelos, natural de Machico, que emigrou para a Suíça, e viria a assumir o nome religioso de irmã Maria da Santíssima Trindade; atualmente, as Irmãs da Apresentação de Maria estão presentes em 20 países.

PR/OC

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