Iniciativa inicia-se em novembro e funciona através de sessões individuais ou em grupo
Lisboa, 21 out 2025 (Ecclesia) – O Grupo VITA, que acompanha situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis na Igreja Católica, lançou hoje o projeto “Sobre.VIVER”, com o objetivo de “dar voz às vítimas e sobreviventes” deste crime, com início em 2025.
“Este projeto nasce com o compromisso de criar um espaço seguro, empático e transformador, onde cada testemunho seja acolhido com respeito e dignidade”, pode ler-se no comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
O Grupo VITA explica que, “inspirado nos princípios da justiça restaurativa, este processo visa promover a escuta ativa e a reparação simbólica, oferecendo às vítimas e sobreviventes a oportunidade de participar de forma significativa na definição de políticas públicas e estratégias de prevenção”.
“Através de uma abordagem colaborativa e sinodal – que valoriza o caminho feito em conjunto e a escuta mútua – pretende- se fortalecer uma cultura de proteção, responsabilidade e segurança, profundamente enraizada na dignidade humana e na defesa dos direitos fundamentais”, refere.
O comunicado faz ainda referência à sinodalidade, enquanto expressão de comunhão e corresponsabilidade, que “reforça o compromisso ético de incluir todas as vozes, especialmente as mais vulneráveis, na construção de respostas justas e transformadoras”.
Num vídeo enviado à Agência ECCLESIA e publicado nas redes sociais, a coordenadora do Grupo Vita, Rute Agulhas, explica o nome do projeto Sobre.Viver: “V de voz, I de inspirar o processo de mudança; v de validar; E de empoderar; e R de Reparar aquilo que foi ferido”.
A responsável explica que a iniciativa “não substitui um processo psicoterapêutico”, nem é esse o objetivo”, dando conta do modo de funcionamento do projeto: “as pessoas podem sempre escolher se querem participar individualmente ou em pequeno grupo”.
“Naturalmente, toda esta colaboração é anónima e confidencial. Convido-vos a saberem mais sobre o projeto Sobre.Viver no site do Grupo Vita”, concluiu.
O organismo assinala que o projeto pretende, ainda, “contribuir para a criação de materiais formativos, guias de apoio e recursos educativos que possam servir a comunidade, os profissionais e as instituições envolvidas na prevenção e resposta à violência sexual, numa lógica de intervenção baseada no trauma”.
“Com esta iniciativa, o Grupo VITA reforça o seu compromisso no sentido de promover a dignidade, a escuta e a prevenção, colocando, desta forma, as vítimas e os sobreviventes no centro da mudança”, destaca.
O Grupo VITA nomeia uma série de temas que podem ser abordados neste espaço, como “estratégias concretas para tornar a Igreja um espaço mais seguro e protetor”, “conteúdos essenciais na formação de agentes eclesiásticos”, “apoio emocional e prático aos familiares e amigos das vítimas”.
Também “diferentes formas de reparação, reconhecimento e responsabilização”, “caminhos de reconstrução pessoal e espiritual após o trauma”, “participação ativa dos sobreviventes na elaboração de propostas de políticas públicas” e “reflexões sobre justiça, perdão, escuta e transformação social” são exemplos de temáticas a debater.
Como regras do projeto “Sobre.VIVER”, o Grupo VITA aponta a “confidencialidade”, a “escuta ativa e não julgamento”, a “participação voluntária”, a “segurança emocional”, a “pontualidade e compromisso”, o “espaço de cuidado mútuo” e “linguagem inclusiva e respeitosa”.
Este não é projeto único do organismo que, recentemente, em colaboração com a Conferência Episcopal Portuguesa, lançaram dois programas de prevenção primária da violência sexual contra crianças, especialmente desenvolvidos para o contexto da Igreja Católica em Portugal.
A22 de maio de 2023, a CEP criou o Grupo Vita para acolher denúncias de abuso, trabalhar na prevenção e acompanhar vítimas e agressores.
LJ/OC