Igreja: Frei Hermano da Câmara diz que quem descrê de Deus nunca pode ser feliz

Monge cantor realça importância da oração e atenção aos mais necessitados durante a Quaresma

Lisboa, 02 mar 2012 (Ecclesia) – O monge cantor frei Hermano da Câmara considera que a descrença de Deus tem como consequência uma vida que passa ao lado da felicidade, e sublinha que a necessidade da morte de Jesus mantém-se um enigma.

“As pessoas que não acreditam nunca podem ser felizes”, afirmou à ECCLESIA o intérprete de “O Nazareno”, disco duplo lançado em 1978 que vendeu cerca de 120 mil exemplares.

O fundador da comunidade religiosa Apóstolos de Santa Maria observa que “continua a ser um grande mistério por que é que foi preciso Cristo morrer numa cruz” para provar o seu “amor” pela humanidade.

No programa da ECCLESIA na Antena 1 que vai ser transmitido hoje a partir das 22h45, frei Hermano fala da importância da Quaresma e da Semana Santa, que vive com “grande alegria” mas também “numa grande dor por perceber que a Cristo custou tanto” a “salvação” do mundo.

“Há muitas pessoas a pensar que a Quaresma é um tempo de luto e tristeza; mas não é, de maneira nenhuma”, frisa o religioso, que acentua a importância da oração e da atenção aos mais necessitados.

O sacerdote, que dá “o primeiro lugar à parte espiritual, enquanto que a música vem por acréscimo”, salienta que “qualquer pessoa ativa tem de ser contemplativa”: “Não podemos evangelizar nem realizar o apostolado através da música, como eu faço, sem termos uma vida de muita união com Cristo”.

A divergência entre as convicções de fé e os atos que se praticam é uma das dificuldades da vida espiritual, como foi descrito na Bíblia por São Paulo, que o religioso evoca: “Faço aquilo que não quero e não faço aquilo que quero; é isso que eu sinto constantemente”.

“Se levarmos a sério este tempo de conversão é impossível que não cheguemos ao fim da Quaresma mais puros e santos”, diz o antigo monge beneditino, que se define como “insatisfeito” e sempre à procura da “perfeição”.

O cantor torna a lembrar as cartas paulinas para vincar que “a caridade é o pleno cumprimento da lei”, norma que é de todos os dias mas que se aplica especialmente durante a Quaresma e em tempo de crise económica: “Temos de pensar muito nas pessoas que não têm sequer o suficiente para viver”.

Para o religioso “a música é a forma mais forte e fácil de transmitir a palavra de Deus”, mais do que “uma conferência ou homilia”: “Por enquanto consigo ter as salas [de concertos] mais cheias do que a igreja. O que não quer dizer que não tenha a igreja cheia quando lá celebro”.

“Deixarei de cantar quando chegar às salas e vir que não tenho público”, declara frei Hermano, que entre as músicas de “O Nazareno”, o seu trabalho de maior sucesso, elege como favorita “O Espírito de Deus repousa sobre mim”.

O programa da Igreja Católica na Antena 1, transmitido de segunda a sexta-feira às 22h45 e aos domingos às 6h00, está a apresentar um conjunto de testemunhos relacionados com a caminhada quaresmal, envolvendo figuras ligadas à cultura, educação, música e religião.

A Quaresma, que começou com a celebração de Cinzas, a 22 de fevereiro, é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão, este ano celebrada a 8 de abril.

PRE/RJM

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Agência ECCLESIA

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