Papa presidiu a primeira missa na Basílica de São Paulo antes de rezar na capela onde Santo Inácio de Loiola fundou os jesuítas
Roma, 14 abr 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco alertou hoje em Roma para a “incoerência” entre o discurso e a ação dos católicos, durante a homilia da primeira missa a que presidiu na Basílica de São Paulo.
“A incoerência dos fiéis e dos pastores entre aquilo que dizem e o que fazem, entre a palavra e a maneira de viver mina a credibilidade da Igreja”, alertou.
O Papa argentino recordou, a este respeito, quem sofre “por causa do Evangelho” e quem dá “a própria vida para permanecer fiel a Cristo, com um testemunho que lhe custa o preço do sangue”.
“Recordemo-lo bem todos nós: não se pode anunciar o Evangelho de Jesus sem o testemunho concreto da vida”, acrescentou.
Francisco frisou ainda a necessidade de abandonar os “numerosos ídolos, pequenos ou grandes” nos quais as pessoas colocam muitas vezes a sua “segurança”.
“São ídolos que frequentemente guardamos bem escondidos; podem ser a ambição, o gosto do sucesso, o sobressair, a tendência a prevalecer sobre os outros, a pretensão de ser os únicos senhores da nossa vida, qualquer pecado ao qual estamos presos, e muitos outros”, elencou.
O Papa apresentou uma intervenção, centrada em três verbos – “anunciar, testemunhar, adorar” – e lembrou os “santos de todos os dias, os santos ‘escondidos’, uma espécie de ‘classe média da santidade’”.
“Não se pode apascentar o rebanho de Deus, se não se aceita ser conduzido pela vontade de Deus mesmo para onde não queremos, se não estamos prontos a testemunhar Cristo com o dom de nós mesmos, sem reservas nem cálculos, por vezes à custa da nossa própria vida”, prosseguiu.
Antes da missa, Francisco visitou o túmulo do apóstolo Paulo, martirizado em Roma entre os anos 65 e 67 e sepultado na basílica papal que lhe é dedicada na capital italiana.
O Papa foi acolhido no local pelo arcipreste da Basílica de São Paulo fora de muros, cardeal James Michael Harvey, tendo descido ao sepulcro do apóstolo, onde esteve em de oração, de forma privada, junto do ‘tropaion’ (memorial) para onde se dirigiram fiéis e peregrinos, ao longo dos séculos.
Francisco evocou o testemunho de fé dos apóstolos, que não foi feito “apenas com palavras”.
“Adorar o Senhor quer dizer dar-lhe o lugar que Ele deve ter; adorar o Senhor significa afirmar, crer – e não apenas por palavras – que só Ele guia verdadeiramente a nossa vida; adorar o Senhor quer dizer que estamos diante dele convencidos de que é o único Deus, o Deus da nossa vida, da nossa história”, precisou.
No final da celebração, o Papa deslocou-se à Capela do Crucifixo para venerar o ícone Virgem ‘Theotokos Hodigitria’ (século XIII), diante do qual, a 22 de abril de 1541, Santo Inácio de Loiola e os seus primeiros companheiros fizeram a sua profissão religiosa solene, um acontecimento tido como fundamental para o nascimento da Companhia de Jesus (jesuítas).
OC