Franciscano destacou-se como pregador, no século XIII, e tornou-se fenómeno de popularidade

Cidade do Vaticano, 12 jun 2025 (Ecclesia) – A Igreja Católica celebra anualmente, a 13 de junho, a festa litúrgica de Santo António, padroeiro da cidade de Lisboa, onde nasceu em 1195, numa casa situada a poucos metros da Catedral.
Na Itália, destacou-se como pregador e primeiro professor de Teologia da recém-criada Ordem Franciscana; faleceu em 1231 e foi sepultado em Pádua, Itália, tendo a sua fama de santidade levado o Papa Gregório IX a canonizá-lo, a 30 de maio de 1232.
Pio XII proclamou-o como “doutor da igreja universal”, com o título de ‘Doctor Evangelicus’ (Doutor Evangélico); é, assim, um dos 37 doutores da Igrejas, figuras reconhecidas como exemplo de “santidade de vida, ortodoxia doutrinal e ciência sagrada”.
A proclamação aconteceu através da carta apostólica ‘Exulta, Lusitania Felix’ (Alegra-te, ó feliz Lusitânia), com data de 16 de janeiro de 1946, na qual o Papa evoca um religioso “brilhante pela santidade da vida e pela insigne fama dos milagres”, bem como “pelo esplendor da doutrina”.
O documento apresenta uma síntese do seu percurso de vida, iniciado em Portugal, onde integrou os Cónegos Regulares de Santo Agostinho; em setembro de 1220, Fernando deixou os agostinianos para integrar a ordem dos franciscanos, onde assumiu o nome de António, pelo qual é hoje conhecido, a nível global.
O jovem religioso vestiu o hábito franciscano, com o desejo de ser missionário em Marrocos, onde viria a adoecer, tendo de deixar o país; depois de uma tempestade, desembarcou na Itália e a conheceu o próprio São Francisco, que lhe confiou a missão de ensinar Teologia aos seus frades.
“António cumpriu fielmente o ofício do magistério, e deve considerar-se o primeiro professor da Ordem Franciscana. Ensinou primeiro em Bolonha, então primeira sede dos estudos; depois em Toulouse e, finalmente, em Montpellier, onde igualmente floresciam os estudos”, recordava Pio XII.
A carta apostólica destaca a qualidade do pensamento teológica de Santo António, “exegeta peritíssimo na interpretação das Sagradas Escrituras e teólogo exímio na definição das verdades dogmáticas, bem como o insigne doutor e mestre em tratar as questões de ascética e de mística”.
O texto cita a Carta ‘Apostólica Immensa’, do Papa Sisto IV (12 de março de 1472), no qual se referia que Santo António, com a sua “profunda sabedoria e doutrina das coisas santas e com a sua fervorosíssima pregação, ilustrou, adornou e consolidou” a Igreja Católica.
A admiração de vários pontífices pelo santo português prolongou-se ao longo dos séculos.
“António, sem distinção de raças ou de nações, a todos abençoava no âmbito da sua atividade apostólica: portugueses, africanos, italianos e franceses, a todos, enfim, a quem reconhecesse necessitados do ensinamento católico”, indica a carta apostólica.
Em 2020, por ocasião dos 800 anos da vocação franciscana do santo português, o Papa Francisco convidou os católicos a imitar a vida de Santo António, destacando a “inquietação que o levou pelas estradas do mundo a testemunhar, com palavras e obras, o amor de Deus”.
A carta, enviada ao ministro-geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais, destacava o exemplo do religioso português perante “as dificuldades das famílias, os pobres e desfavorecidos”, bem como a “paixão pela verdade e justiça”.
Em 2019, Francisco assinalou no Vaticano a festa de Santo António, que evocou como “padroeiro dos pobres e de quem sofre”.
Com o tema ‘Com Santo António «Peregrinos de Esperança»’, as Festas de Santo António 2025 estão a decorrer desde 30 de maio, em Lisboa, e terminam a 13 de junho, incluindo hoje a tradicional celebração dos casamentos, na Sé.
O patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, vai presidir à Missa na Solenidade de Santo António, nesta sexta-feira, às 12h00, na Igreja de Santo António à Sé.
Da parte da tarde, a partir das 17h00, o patriarca preside à procissão de Santo António, com as imagens de Santo António, São João Batista, São Miguel, Santo Estêvão, São Vicente e São Tiago, que percorre as ruas de Alfama e termina em frente à Sé.
Às 20h00, após a procissão, vai ser celebrada, na Igreja de Santo António à Sé, a Missa de encerramento das Festas de Santo António 2025.
Conhecido como o santo casamenteiro e das coisas perdidas, há ainda outra tradição ligada a este santo popular, o “pão de Santo António”, como símbolo de proteção e bênção, que se guarda de um ano para o outro, para que não falte o pão na mesa.
OC
Dos Sermões de Santo António de Lisboa, presbítero
(I, 226) (Sec. XIII) A linguagem é viva, quando falam as obras Quem está cheio do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, como a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamo-las, quando mostramos aos outros estas virtudes na nossa vida. A linguagem é viva, quando falam as obras. Cessem, portanto, as palavras e falem as obras. De palavras estamos cheios, mas de obras vazios; por este motivo nos amaldiçoa o Senhor, como amaldiçoou a figueira em que não encontrou fruto, mas somente folhas. Diz São Gregório: «Há uma norma para o pregador: que faça aquilo que prega». Em vão pregará os ensinamentos da lei, se destrói a doutrina com as obras. Mas os Apóstolos falavam conforme a linguagem que o Espírito Santo lhes concedia. Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme o que lhe parece! Falemos, por conseguinte, conforme a linguagem que o Espírito Santo nos conceder; e peçamos-lhe, humilde e devotamente, que derrame sobre nós a sua graça, para que possamos celebrar o dia de Pentecostes com a perfeição dos cinco sentidos e a observância do decálogo, nos reanimemos com o forte vento da contrição e nos inflamemos com essas línguas de fogo que são os louvores de Deus, a fim de que, inflamados e iluminados nos esplendores da santidade, mereçamos ver a Deus trino e uno. |