Papa foi o primeiro a visitar santuário português
Foto: Estátua de Paulo VI no Santuário de Fátima (Humberto Magro)
Fátima, Santarém, 19 out 2014 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima associa-se hoje à beatificação de Paulo VI, Giovanni Battista Montini (1897-1978), o primeiro Papa a visitar a Cova da Iria, a 13 de maio de 1967, no cinquentenário das aparições.
O momento vai ser assinaldo este domingo, na Eucaristia dominical internacional, que será celebrada às 11h00 no Recinto de Oração, com presidência do reitor do Santuário.
No momento final da Missa, antes da bênção final, os participantes vão poder voltar a ouvir a voz de Paulo VI em Fátima, com a reprodução de um breve trecho das suas palavras, em 1967.
"Será interessante verificar a atualidade e pertinência do apelo que aqui foi deixado há quase meio século", assinala uma nota enviada à Agência ECCLESIA.
Neste domingo, a estátua do Papa Paulo VI em Fátima vai ser destacada com uma ornamentação floral especial.
A obra situada diante da Basílica da Santíssima Trindade é da autoria de Joaquim Correia e representa o Papa de joelhos, evocando a sua peregrinação a Fátima.
“A notícia da beatificação do Papa Paulo VI é motivo de grande contentamento para toda a Igreja, pois Paulo VI vem enriquecer o número daqueles cristãos que viveram de forma exemplar o seu seguimento de Cristo”, refere o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, em comunicado.
A cerimónia de beatificação de Paulo VI decorre no final da terceira assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, na Praça de São Pedro, sob a presidência do Papa Francisco.
“Paulo VI foi o grande artífice da continuação dos trabalhos do Concílio Vaticano II e o grande obreiro da aplicação da obra conciliar à vida da Igreja”, sublinha o padre Carlos Cabecinhas.
Segundo o reitor do Santuário, o Papa italiano “manifestou um grande amor e desvelo por Fátima”, recordando que “foi Paulo VI que ofereceu ao Santuário a sua primeira rosa de ouro”.
A rosa de ouro foi concedida por Paulo VI na sessão de 21 de novembro de 1964 do Concílio Vaticano II e foi entregue ao Santuário pelo cardeal Fernando Cento, legado pontifício, em 13 de maio de 1965.
"É de todos conhecida a grande devoção mariana deste Papa, mas também as muitas vezes, no seu magistério pontifício, que se referiu a Fátima ou se dirigiu aos devotos de Nossa Senhora de Fátima”, conclui o padre Carlos Cabecinhas.
O padre Luciano Cristino, investigador e antigo diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima, recorda em texto publicado pelo Semanário ECCLESIA que Paulo VI recebeu D. João Venâncio, segundo bispo da diocese restaurada de Leiria, a 27 de junho de 1963.
Na homilia da sua coroação, no dia 30, o novo Papa referiu-se a Portugal como “Terra de Santa Maria, onde a Mãe de Deus erguera o altar de Fátima” e na terceira sessão do Concílio Vaticano II (21 de novembro de 1964), Paulo VI renovou a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, feita por Pio XII, a 31 de outubro de 1942.
O futuro beato referiu-se então ao Santuário de Fátima, “cada vez mais querido não só do povo da nobre nação portuguesa, mas igualmente conhecido e venerado pelos fiéis de todo o mundo católico”.
Na homilia de 13 de maio de 1967, em Fátima, Paulo VI apresentou-se como “peregrino humilde e confiante” e deixou um apelo a toda a humanidade pelo “dom divino da paz”.
“Homens, sede homens. Homens, sede bons, sede cordatos, abri-vos à consideração do bem total do mundo. Homens, sede magnânimos. Homens, procurai ver o vosso prestígio e o vosso interesse não como contrários ao prestígio e ao interesse dos outros, mas como solidários com eles. Homens, não penseis em projetos de destruição e de morte, de revolução e de violência; pensai em projetos de conforto comum e de colaboração solidária”, declarou.
SISF/OC