Fátima e Luís Lopes partilharam propostas para dar consistência a ação pastoral no sector
Lisboa, 04 dez 2012 (Ecclesia) – O novo casal coordenador da Pastoral Familiar da Igreja Católica em Portugal considera que é preciso dar maior consistência ao trabalho realizado neste setor, para ajudar as pessoas a responderem à atual conjuntura socioeconómica.
Em entrevista concedida ao Programa ECCLESIA, na RTP2, Luís Lopes considera que a situação das famílias “é muito grave” e fala na existência de “problemas novos”, que têm que ser enfrentados sobretudo numa perspetiva “preventiva”.
Segundo aquele responsável, a descida drástica das condições de vida no país, a consequente saída dos jovens para o estrangeiro, em busca de oportunidades de emprego, estão a alterar um “tecido social” já de si afetado por fenómenos como as “uniões de facto, as famílias monoparentais e as famílias reconstruídas”.
Como professor, Luís Lopes conhece “alunos que numa semana estão na casa do pai, na outra já estão na casa da mãe e na outra na casa dos avós”.
Para Fátima Lopes, “a Igreja tem que saber integrar esses acontecimentos”, através de uma ação mais “atenta”, mais “visível do ponto de vista social”, favorecendo o trabalho “em rede” e a transmissão de “boas práticas” que ajudem os casais a olharem para os problemas com outros olhos.
“Hoje fala-se muito na questão do divórcio, nas famílias que acabam por ninharias, porque não sabem como dar a volta às situações”, salienta.
Outro grande desafio passa por ajudar os agregados a “manterem a fidelidade ao cristianismo” no meio de uma sociedade dominada pelo “cifrão”, pelos valores “materiais”.
A perda de dois feriados católicos já a partir do próximo ano, o dia do Corpo de Deus e o de Todos os Santos, mais a desvalorização do domingo enquanto dia privilegiado de descanso e de atenção à família e a Deus, foram exemplos apontados pela nova equipa coordenadora.
“Aquilo que foi conquistado há tantas gerações, com tanto sacrifício – nomeadamente o domingo – parece que se deita assim para o lixo”, critica Luís Lopes, para quem “retirar tempo à família” não irá adiantar nada à recuperação do país, porque “sem famílias de qualidade também não haverá profissionais de qualidade”.
Pegando nesta ideia, Fátima Lopes aponta que “a ética não pode ser separada das decisões económicas, está ligada à justiça e à solidariedade”, e todas as políticas que quebrem aquele elo estarão a “tirar o tapete às pessoas”.
Com um projeto assente sobretudo numa “tónica construtiva”, os dois responsáveis esperam ajudar as famílias católicas “a definirem o seu caminho, a prepararem-se bem e a não terem vergonha de anunciar as suas fragilidades, de exporem as suas feridas”.
PTE/JCP