Igreja/Família: Falta de «unanimidade» impediu «novidades» sobre prática sacramental

D. Manuel Clemente recorda que divorciados têm «cidadania plena» na Igreja Católica

Lisboa, 08 abr 2016 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou hoje que a nova exortação apostólica do Papa sobre a família evitou “novidades” em relação ao acesso à Comunhão dos divorciados católicos em segunda união.

“O Papa, em termos de decisão, não quer expressamente adiantar novidades”, declarou D. Manuel Clemente, em conferência de imprensa no Patriarcado de Lisboa.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que participou nas duas assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a família (2014 e 2015), no Vaticano, citou a exortação ‘A Alegria do Amor’, nos seus números 299 e 300, para sublinhar que “dentro do catálogo de assuntos a resolver” não está o “sacramental”, mas práticas do âmbito “litúrgico, pastoral, educativo e institucional”.

“Não está previsto, falta o adjetivo eucarístico, sacramental”, assinalou.

Após observar que durante os trabalhos do Sínodo foi visível a falta de “unanimidade" em relação a esta matéria, D. Manuel Clemente considerou que o Papa “não podia ser” mais específico.

“A ausência da palavra sacramental é muito reveladora”, insistiu.

No capítulo oitavo da nova exortação, o Papa propõe um caminho de “discernimento” para os católicos divorciados que voltaram a casar civilmente, sublinhando que não existe uma solução única para estas situações.

“É compreensível que não se devia esperar do Sínodo ou desta exortação uma nova normativa geral de tipo canónico, aplicável a todos os casos”, sublinha Francisco.

Para D. Manuel Clemente, este olhar de “discernimento, de perceber que as situações não são iguais” não implica novidades “no que diz respeito à doutrina propriamente”.

“Tão importante é o que se diz como o que não se diz”, assinalou.

Os católicos divorciados, prosseguiu, devem estar “mais integrados nas comunidades cristãs”, com participação em “diferentes serviços eclesiais”.

“São pessoas que têm na Igreja uma cidadania plena”, defendeu o presidente da CEP.

‘A Alegria do Amor’ está centrada na “temática familiar”, com insistência na família alargada como “escola de sociedade em geral”.

D. Manuel Clemente recordou as “milhares de famílias que têm de sair das suas terras” e defendeu que a Igreja tem de “corresponder” à importância da família, na preparação do matrimónio e no acompanhamento dos casais.

“O ideal do casamento cristão é belo, é cativante como projeto de vida, desde que seja apresentado”, a partir da infância, como uma “vocação”, precisou.

A exortação apostólica será objeto de “muita reflexão” por parte do episcopado católico, a partir da “atitude básica de misericórdia” proposta por Francisco.

“Todas as pessoas merecem-nos respeito”, asseverou o cardeal-patriarca, antes de reforçar a rejeição de qualquer “discriminação” em relação aos homossexuais.

OC

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