Igreja/Estado: UCP divulga investigação sobre o clero paroquial na transição do século XIX para o XX

Investigação procura determinar funções dos sacerdotes durante a monarquia constitucional

Lisboa, 19 jan 2018 (Ecclesia) – O Centro de Estudos de História Religiosa, da Universidade Católica Portuguesa (CEHR-UCP), promoveu a apresentação da investigação sobre o ‘Registo da paroquialidade portuguesa contemporânea – séculos XIX e XX. Cartografia das mediações’, referente ao Patriarcado de Lisboa.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o coordenador do estudo explicou que o objetivo é apresentar “um registo global” dos párocos do país durante a “monarquia constitucional”, na sua “dupla condição” de agentes eclesiásticos mas também agentes da administração, enquanto funcionários do Estado.

Nesta quinta-feira, Sérgio Ribeiro Pinto apresentou o registo dos “Curas de almas” e “funcionários eclesiásticos” do Estado liberal – O Registo da Paroquialidade do Patriarcado de Lisboa (1820-1911).

O investigador explica que o projeto pretende disponibilizar “um conjunto de ferramentas” que permitam perceber “quais eram as funções” dos sacerdotes, de que forma “desempenhavam de natureza religiosa e também administrativa”.

O cardeal-patriarca de Lisboa e magno chanceler da UCP considera o trabalho de investigação “muito importante” porque não apresenta o tema genericamente, “quase abstrata, formal”, mas “com factos, figuras, percursos”, numa altura em que o Patriarcado englobava o que são hoje as Dioceses de Santarém, Setúbal, e parte da Diocese de Leiria-Fátrima.

“Dá-nos um realismo eclesial numa época de profunda transição que foi, efetivamente, aguçada com a mudança de regime mas era transição já existente na maneira de relacionar Igreja, sociedade e cultura do século XIX para o século XX e que agora tem outra substância porque a substância das coisas são as pessoas que as protagonizam”, desenvolveu D. Manuel Clemente.

Na sessão também foi apresentado ‘Esboço de Registo da Paroquialidade Portuguesa no século XX – elementos e fontes’, que propõe a continuação do projeto inicial.

“Este mesmo projeto que está em conclusão levantou questões que não é possível resolver sem avançarmos com esse alargamento geográfico”, explicou Luís Leal, que apresentou o projeto, à Agência ECCLESIA.

O investigador do CEHR refere que, “algumas das valências na metodologia” apontam caminhos de investigação futura, “que vêm enquadrar outros projetos e outras realizações”.

Sérgio Ribeiro Pinto acrescentou que a ideia é desenvolver o projeto, numa segunda fase, para lá “da Monarquia Constitucional e da rutura com a passagem da Monarquia para a Republica” e perceber nas décadas seguintes de que forma se “alterou o recrutamento, as funções, o tipo de circulação entre os diferentes espaços diocesanos e prolongar a cronologia até ao processo de democratização a partir de 74”.

O diretor do Centro de Estudos de História Religiosa, da Universidade Católica Portuguesa, observou por sua vez que estas iniciativas pretendem “contribuir para melhor compreensão” do tipo de funcionamento do clero, como se inscrevia na organização territorial e “nas dinâmicas sociais da sociedade portuguesa e da construção do próprio Estado”.

Paulo Fontes adiantou que o projeto se conjuga com outra área de trabalho que o CEHR está a desenvolver na promoção do estudo das dioceses católicas em Portugal, dando como exemplo um novo estudo relativo a Lisboa, à “história dos seus bispos e arcebispos até à constituição do Patriarcado”.

CB/OC

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