Diretor do Centro de Estudos de História Religiosa da UCP indica ser preciso «cultura mais aberta e uma relação dialógica»
Lisboa, 16 abr 2011 (Ecclesia) – O diretor do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa (UCP), António Matos Ferreira, disse hoje que as instituições religiosas são “responsáveis pela pedagogia de cidadania”.
“As instituições religiosas são fundamentais enquanto não forem simplesmente garante de práticas religiosas mas responsáveis pela pedagogia de cidadania”, disse à Agência ECCLESIA o historiador.
A separação entre Igreja e Estado, que esteve em análise no congresso internacional de história «100 anos de separação – Religião, Sociedade e Estado», e que termina no final desta tarde na UCP, é “um aspeto de algo mais profundo: a liberdade e a consciência” bem como da “construção de sociedades onde não só as pessoas vivam mas se sintam integradas”.
Reconhecendo que também hoje a sociedade é atravessada por “conflitos”, o historiador indica que a sociedade não pode viver “em permanente intensidade”, acrescentando ser preciso uma “cultura mais aberta e uma relação dialógica”.
O fundamento da sociedade, aponta o diretor do CEHR, dá-se ao nível das relações interpessoais, ou seja, “da liberdade da sua consciência”.
No atual quadro, António Matos Ferreira indica que seria “melhor que as pessoas participassem mais”.
“Vivemos, no caso português, uma sociedade mais aberta e mais participativa, comparativamente há duas décadas atrás”, mas, refere o historiador, “o mais difícil é prosseguir um trabalho pedagógico”.
Matos Ferreira reconhece um contexto mundial “difícil” mas também uma “maior consciência das pessoas”.
“Temos maiores condições e meios para que as pessoas se sintam mais responsáveis, e isto é aplicado também à sociedade portuguesa”, sublinha, pois “das condições complicadas surgem grandes dinâmicas de criatividade”.
O diretor do CEHR indica que as “instituições religiosas podem dar o seu contributo” não só “entre Igreja e Estado, mas entre Igrejas”.
O congresso internacional de história «100 anos de separação – Religião, Sociedade e Estado» juntou, durante quatro dias, investigadores de 11 nacionalidades.
Matos Ferreira afirma a disponibilidade do CEHR de prosseguir parcerias de investigação, “promovendo e colaborando com as pessoas, mas sobretudo acolhendo na UCP investigadores de outros contextos religiosos e culturais”.
“Estamos muito empenhados em acolher e integrar o trabalho que uma nova geração de historiadores está a desenvolver em países africanos”.
LS