Igreja/Estado: Bispo de Matagalpa foi condenado a 26 anos de prisão

Sentença do Tribunal de Nicarágua define-o como «um traidor da pátria»

Foto: Vatican News
Legenda: D. Rolando José Álvarez Lagos presente a um tribunal em Managua

Cidade do Vaticano,11 fev 2023 (Ecclesia) – O bispo de Matagalpa, D. Rolando Álvarez, foi condenado a 26 anos de prisão pelo tribunal nicaraguense, depois de se recusar a deixar o país junto com outros sacerdotes e opositores políticos.

“O bispo nicaraguense de Matagalpa e administrador apostólico da Diocese de Estelí, D. Rolando José Álvarez Lagos, foi condenado a 26 anos de prisão, no dia seguinte à sua recusa em embarcar num avião junto com 222 outras pessoas, padres, seminaristas, opositores políticos ou simples críticos do regime”, informa hoje o portal ‘Vatican News’. 

A sentença lida por um juiz da Corte de apelação definiu D. Álvarez, de 56 anos, como “um traidor da pátria”, condenando-o a permanecer na prisão até 2049.

O julgamento estava previsto para começar a 15 de fevereiro, mas o veredicto foi antecipado: “além do bispo, dois outros sacerdotes, Manuel García e José Urbina, do clero da Diocese de Granada, ainda estão detidos em prisões nicaraguenses”.

O presidente Daniel Ortega falou sobre a condenação de D. Álvarez na televisão nacional, chamando a posição do bispo de “absurda” e afirmando que está preso por “terrorismo”.

Outros cinco padres, um diácono e dois seminaristas acusados de “conspiração” e condenados a dez anos de prisão já chegaram aos EUA, onde devem receber uma autorização de residência por um período inicial de dois anos. 

As oito pessoas estão entre aquelas para as quais o Tribunal de Apelação de Manágua ordenou “a expulsão imediata e efetiva por cometer atos que minam a independência, soberania e autodeterminação do povo, por incitar a violência, o terrorismo e a desestabilização econômica”. 

Os expulsos foram declarados “traidores da pátria”, tiveram seus “direitos de cidadania suspensos por toda a vida” e foram privados de sua cidadania nicaraguense.

Ainda no passado dia 06 de fevereiro, numa carta dirigida a D. Carlos Enrique Herrera Gutiérrez, OFM, Presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua, o cardeal Jean-Claude Hollerich pediu a libertação de D. Álvarez e manifestou solidariedade “dos bispos da União Europeia” à Igreja católica da Nicarágua que “enfrenta uma profunda angústia devido à perseguição do Estado”, pode ler-se na missiva publicada pela COMECE.

“Como COMECE, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance perante as instituições europeias para a sua libertação e para a promoção da liberdade, do Estado de direito, da justiça e da democracia no seu amado país”, indica a carta assinada pelo cardeal do Luxemburgo.

SN

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