Igreja: Especialista recorda história das eleições papais

Vice-prefeito da Biblioteca do Vaticano analisa percurso que leva ao 75.º Conclave

Cidade do Vaticano, 20 fev 2013 (Ecclesia) – O vice-prefeito da Biblioteca do Vaticano e especialista em História, Ambrogio Piazzoni, apresentou hoje em conferência de imprensa o percurso legislativo que levou à criação do Conclave para a eleição papal.

Piazzoni recordou que nos primeiros 1200 anos da Igreja os Papas foram escolhidos de várias maneiras, tendo-se restringido “pouco a pouco” o número daqueles que podiam elegê-lo.

Várias das regras atuais têm séculos de existência: Nicolau II, em 1059, assina o primeiro decreto dedicado à eleição pontifícia, em que é “indicado com precisão o corpo eleitoral, limitado apenas aos cardeais, enquanto representantes da Igreja de Roma”.

Em 1179, Alexandre III promulga o decreto ‘Licet de evitanda discordia’ – para evitar desavenças ou a escolha de ‘antipapas’ -, no qual é fixada “a maioria de dois terços de votos” para uma eleição válida, que se mantém até hoje.

Esta regra levou ao prolongamento da “Sé vacante”, período entre o fim do pontificado e a eleição do Papa, que durou 33 meses (dezembro de 1268-setembro de 1271) por ocasião da reunião eleitoral de Viterbo.

O Papa escolhido foi o Gregório X, o qual assinou a constituição ‘Ubi periculum’ de 1274, considerada como o documento que institui o Conclave.

O primeiro encontro segundo as novas normas decorreu em Arezzo (Itália), com a eleição de Inocêncio V.

O vice-prefeito da Biblioteca do Vaticano recordou que esta constituição determinou um “tempo de espera” pelos cardeais que vinham de fora e estabeleceu que a reunião devia decorrer num lugar “fechado à chave” (‘cum clavis’).

Após a renúncia de Celestino V, em dezembro de 1294, foi eleito Bonifácio VIII, que inseriu a constituição ‘Ubi periculum’ no corpo legislativo da Igreja, dando “estabilidade” jurídica ao Conclave.

Em 1621, Gregório XV, introduziu a obrigação do “voto secreto por escrito”, que é a única forma de eleição admitida atualmente na legislação canónica.

Segundo Ambrogio Piazzoni, o próximo será o 75.º Conclave “propriamente dito”, a que se somam as outras eleições papais.

Os cardeais vão ser chamados ao Vaticano após Bento XVI ter anunciado no último dia 11 a sua decisão de renunciar ao pontificado, a partir das 20h00 (menos uma em Lisboa) do dia 28 de fevereiro, por causa da sua “idade avançada”.

O sucessor do Papa alemão, de 85 anos, será o 266.º a ocupar o cargo na história da Igreja Católica.

O Anuário Pontifício da Santa Sé publica a lista dos Papas que guiaram a Igreja Católica desde o primeiro, São Pedro, incluindo o português João XXI, falecido em 1277.

OC

Partilhar:
Scroll to Top
Agência ECCLESIA

GRÁTIS
BAIXAR