Igreja espanhola não ajudou a ETA

Grupos eclesiais, Bispos e padres têm procurado que o grupo terrorista deponha as armas A recente detenção de dois monges bascos por alegada colaboração com o grupo separatista basco ETA fez surgir uma onda de especulações em torno das estreitas relações que existem entre alguns sectores da Igreja Católica na Espanha e os movimentos nacionalistas bascos. Apesar destas suspeições, a verdade é que a Conferência Episcopal Espanhola (CEE) está a ultimar um novo documento sobre a “unidade da Espanha” e os nacionalismos, que será apresentado na sua próxima Assembleia Plenária de Março. A CEE condenara, anteriormente, o famoso “Plan Ibarretxe” – destinado a ampliar as competências do País Basco, nomeadamente nos sectores social, fiscal e da Justiça, criando a nacionalidade basca -, que considera “imoral” e “semente de confrontos”. Estas posições do episcopado, consagradas na Instrução Pastoral “Avaliação moral do terrorismo em Espanha, suas causas e consequências” devem ser entendidas à luz do papel que a Igreja tem procurado assumir na mediação para o restabelecimento da paz e da reconciliação. O documento de 2002 revela-se contundente na avaliação da organização basca, classificada de “associação terrorista, de ideologia marxista revolucionária, que luta por um nacionalismo totalitário e persegue a independência do país Basco por todos os meios.” Os Bispos espanhóis afirmam mesmo que “na Espanha, o terrorismo da ETA converteu-se desde há muitos anos na ameaça mais grave contra a paz no país, porque atenta cruelmente contra a vida humana, coarcta a liberdade das pessoas e obscurece o conhecimento da verdade.” O jornal católico “La Razón”, no seu suplemento de religião, recorda a história das iniciativas de movimentos eclesiais, bispos e padres destinados a convencer a ETA a abandonar a luta armada. A Comunidade de Santo Egídio protagonizou a primeira tentativa de negociação, em finais de 1997 e meados de 1998, por iniciativa da própria ETA, de acordo com “La Razón”. Após esta intervenção, ganhou relevo a acção do então Bispo de Zamora, D. Juan María Uriarte, que hoje está à frente da emblemática diocese de San Sebastián. O prelado foi mediador e testemunha das fracassadas conversações de Zurique, em 1999. Após este fracasso, o próprio Vaticano assumiu papel de mediação, em Outubro de 2000, através do então secretário para as Relações com os Estados, Cardeal Jean Louis Tauran. O encontro com Juan José Ibarretxe aconteceu por ocasião da canonização de María Josefa del Corazón de Jesús Sancho, a primeira santa basca, mas as conversações acabaram por não ter continuidade. A última das intervenções de mediação está a cargo do redentorista irlandês Alec Reid, o qual durante 30 anos mediou o conflito no Ulster.

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