Domingo Fezas Vital encerrou missão de mais de três anos, sublinhando papel de Leão XIV na luta pela paz

Roma, 13 jul 2025 (Ecclesia) – O embaixador cessante de Portugal na Santa Sé, Domingo Fezas Vital, sublinhou a necessidade de preservar a imagem de “abertura e tolerância” que é um património do país.
“Todos nós sabemos dos sucessos que temos tido por esse mundo fora, de sucessos diplomáticos, e como os devemos a essa capacidade que todos reconhecem em Portugal e nos portugueses de sermos construtores de pontes”, referiu o diplomata, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença.
Fezas Vital, embaixador na Santa Sé desde dezembro de 2021, foi exonerado do cargo após ter atingido o limite de idade.
O diplomata realça que Portugal é “associado, para bem de todos nós, a uma imagem de abertura e tolerância”.
“O país tem a ganhar com isso”, acrescenta.
Para o embaixador, é necessário sublinhar “a imagem de Portugal e dos portugueses como um povo especialmente apto para construir pontes de que as pessoas gostam e em quem confiam, porque não têm agendas que não sejam as do interesse da paz e da construção de um mundo melhor, só nos beneficia”.
“Essa excelente imagem que nós desfrutamos é uma enorme vantagem no campo diplomático”, realça.
Fezas Vital teve oportunidade de despedir-se do Papa Leão XIV no último dia 5 de julho, num encontro que recorda como “extremamente tocante” para si e a sua família.
Após os dois primeiros meses de pontificado, o diplomata identifica “a unidade em torno de um propósito, que é paz”, uma paz “desarmada e desarmante”.
O responsável destaca que a Igreja Católica “faz sempre muito pouco alarde do seu papel diplomático, porque entende que essa é a melhor forma de servir a causa da paz”.
“Essa forma discreta de exercer a diplomacia mantém-se, é uma garantia para qualquer parte envolvida em conflito quanto ao papel da Igreja, um papel positivo e construtivo”, indica.
Domingos Fezas Vital alerta para uma “crise do multilateralismo, e isso é extremamente grave”.
“Faz cada vez menos sentido que possamos estar a passar por uma crise do multilateralismo quando as questões são cada vez mais globais”, aponta.
O embaixador identifica a JMJ Lisboa 2023 como um dos momentos mais marcantes do período em que trabalhou junto do Vaticano, “um exemplo de sucesso a todos os títulos”.
“A forma como foram vividos esses dias e essa preparação é sempre referido aqui como um exemplo absolutamente extraordinário que, para a Igreja, foi um momento de mostrar o seu vigor, a sua força no coração de cada um”, acrescenta.
A entrevista adiantou a intenção do Papa Leão XIV em visitar Portugal “logo que possível”.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)
Igreja: Papa assumiu desejo de visitar Portugal «logo que possível»