Encontro Nacional termina com apelos em favor da integração e condenando preconceitos face aos imigrantes A Igreja Católica em Portugal veio a público pedir um maior compromisso no combate ao tráfico de pessoas, considerando que este é um "flagelo" que atinge o nosso território "enquanto país de trânsito e destino".
No documento conclusivo do encontro nacional dos secretariados da pastoral da mobilidade humana e capelanias de imigrantes, que decorreu em Lamego de 6 a 10 de Julho, os participantes consideram que "é necessário pressionar os decisores políticos para que se crie legislação que preencha o vazio legal nesta matéria".
As próprias estruturas da Igreja são desafiadas, salientando-se a urgência de descobrir "em cada diocese como intensificar o trabalho em rede com a Comissão de Apoio à Vítima de Tráfico de Pessoas (CAVITP), nomeadamente na formação de jovens e adultos, e na informação sobre este flagelo".
O Encontro foi presidido por D. António Vitalino, presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana e com a presença dos vogais D. António Rafael, bispo emérito de Bragança-Miranda e D. Manuel Quintas, bispo do Algarve. Contou ainda com a participação de D. Jacinto Botelho, bispo de Lamego e com a visita de D. António dos Santos, bispo de Aveiro.
Para os responsáveis por este sector da acção da Igreja "é urgente uma maior atenção ao acolhimento sem preconceitos", face aos imigrantes.
Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, anuncia-se o compromisso de "capacitar os nossos serviços com pessoas qualificadas para dar assistência e apoio jurídico, de modo a prosseguir a colaboração na concepção, execução e avaliação das políticas públicas transversais e sectoriais relevantes para a integração dos migrantes e minorias étnicas".
"Sentimo-nos obrigados, como Igreja, do ponto de vista moral, a denunciar toda a legislação que afronta os Direitos Humanos, nomeadamente a recusa ao direito de emigrar e o dever de acolher", indicam os secretariados da pastoral da mobilidade humana e capelanias de imigrantes.
Os participantes neste encontro nacional convidam os portugueses a "olhar o migrante como agente activo da sociedade". Aos católicos, em particular, é lembrado que cada uma destas pessoas tem o direito "a ser co-responsável na construção da comunidade cristã, sendo necessário refazer o espaço eclesial com objectivos integradores".
A Igreja Católica tem a intenção de ser "proactiva" na utilização dos diferentes meios de comunicação social, "como instrumentos extraordinários para quebrar barreiras, denunciar situações de precariedade e exploração, para alertar, dar voz e formar a opinião pública".
Do ponto de vista interno, é desejada uma reorganização da chamada "pastoral da mobilidade", de acordo com a realidade de cada Diocese. É ainda deixado um pedido, para que se respondam "aos apelos que nos chegam dos diferentes países onde há significativa presença portuguesa e que solicitam agentes pastorais".
Participaram neste encontro 45 delegados dos secretariados diocesanos da pastoral da mobilidade humana de 17 Dioceses, bem como dois representantes da capelania nacional de imigrantes ucranianos de rito bizantino. O próximo encontro terá como tema o Turismo e realizar-se-á de 5 a 8 de Julho de 2010, na Diocese do Algarve.