Igreja: «Em pleno século XXI persistem» os atentados aos direitos das mulheres

Seminário no Brasil denunciou as situações de «fome, pobreza, exploração e tráfico humano»

Cidade do Vaticano, 22 out 2014 (Ecclesia) – Os bispos brasileiros, com a Cáritas do Brasil, dos Estados Unidos da América e a Pastoral da Mulher Marginalizada, promoveram em Brasília um seminário internacional sobre a realidade atual da mulher.

De acordo com o serviço informativo da Santa Sé, a iniciativa apontou para a necessidade de olhar com maior atenção para o contexto das mulheres que hoje são vítimas “da fome, pobreza, exploração e tráfico humano”.

O documento final do evento, que decorreu entre 15 e 17 de outubro, realça que em pleno século XXI persistem os atentados aos direitos das mulheres, a nível social, económico e cultural.

Em causa estão situações como “o trato desigual nas relações de trabalho, na remuneração, na dimensão de oportunidades de trabalho e na garantia de direitos sociais e económicos”.

Também “as práticas machistas e sexistas arraigadas na sociedade, que geram, alimentam e perpetuam a violência e a dominação no quotidiano das relações entre homens e mulheres”.

Os promotores do seminário denunciam “a agressão, o assédio e a violência, física, psicológica e moral” a que muitas mulheres são sujeitas “no âmbito doméstico e social”.

Recordam ainda que atualmente cerca de 55 por cento de todas as vítimas de tráfico humano no mundo “são mulheres e meninas”, usadas “principalmente para fins de exploração sexual”.

“A crescente migração de mulheres”, devido ao contexto financeiro e social que atravessam diversos países, foi também motivo de preocupação e debate.

Para os organizadores do encontro em Brasília, é preciso garantir “maior proteção” e “segurança” às mulheres que tiveram de abandonar as suas casas em busca de uma vida melhor.

Idealmente, ninguém deveria ser “forçado a migrar para assegurar o sustento próprio e da família”, pode ler-se.

Nos campos da “fome, pobreza e discriminação no Brasil”, eles têm “uma cor e gênero”, acrescentam os signatários do documento: são “as mulheres negras as principais vítimas desse sistema de opressão e desigualdades”.

Apesar de reconhecer alguns “avanços” no que toca ao “reconhecimento e afirmação dos direitos” das mulheres, a Igreja Católica no continente americano considera que ainda existe um “grande défice” à volta do cumprimento dos mecanismos legais e das políticas públicas já aprovadas nesta área.

Mesmo dentro das próprias estruturas católicas, há “uma significativa presença da mulher em inúmeras atividades, mas que ainda carece de maior reflexão e efetiva inclusão no campo das decisões”, aponta o texto.

O seminário internacional dedicado à mulher, na capital brasileira, decorreu no âmbito da campanha mundial “Uma Família Humana: Pão e Justiça para todas as pessoas”, que está a ser promovida pela Cáritas Internacional.

Nele participaram ainda agentes sociais e pastorais vindos de França, Espanha, Costa Rica e Argentina

JCP

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