Graça Alves defende um «olhar para lado estético da vida», para mudar «o curso das coisas e da humanidade»

Funchal, Madeira, 08 jul 2025 (Ecclesia) – A diretora do Museu de Arte Sacra do Funchal (Madeira) defendeu hoje que a vida, de uma forma geral, onde inclui-se a escola e o ensino, “tem de ter lugar para a beleza, e tem de ser lugar de beleza”.
“Nas escolas, e os educadores são realmente estes arquitetos do futuro e do amanhã, têm, cada vez mais, eles próprios, e de passar aos alunos, aos seus educandos, esta necessidade de nos espantarmos, de contemplarmos a beleza da natureza, a beleza das coisas que chegaram aos nossos dias, e estou a falar da arte, do património, de uma forma geral, de haver tempo e vagar”, disse Graça Alves, em declarações à Agência ECCLESIA
A diretora do Museu de Arte Sacra da Diocese do Funchal, após a intervenção no congresso internacional sobre os 100 anos da chegada das Irmãs da Apresentação de Maria à Madeira, acrescentou que neste tempo “tão fluido” e nesta “loucura de dias” atuais a necessidade de haver nas escolas também um tempo para parar, “para contemplar, para encantar pela beleza, pela beleza da natureza, pela beleza dos outros e pela beleza da arte, da literatura”, daquilo que tem sido oferecido ao longo deste tempo da humanidade, que “permite ser pessoas melhores”.
Segundo a entrevistada, e citando o Papa Bento XVI, a vida, “de uma forma geral, tem de ter lugar para a beleza e tem de ser lugar de beleza”.
‘O caminho da Beleza para uma educação (mais) humanista’, foi o tema apresentado por Graça Alves, desafiou também a vender um dos pães, numa alusão a “tudo o que é materialidade”, e a comprar um lírio, uma ideia “muito passada” por D. José Tolentino Mendonça, e por um poeta chinês que o cardeal madeirense “cita muitas vezes”.
Precisamos também, e cada vez mais, de rosas, de lírios, de alguma coisa que nos encante, e que nos obrigue a pensar em nós pessoas, como seres belos, criados por Deus com uma beleza enorme, com capacidades, com dores. E se formos capazes de nos apaixonarmos, e de comprarmos o lírio com um dos dois pães que temos, talvez seja uma maneira também de nos tornarmos apaixonados por esse lírio e por essas coisas maravilhosas que nós temos”, desenvolveu a escritora e investigadora madeirense.

“Transformarmos o mundo e dar-lhe nestes tempos tão conturbados, tão difíceis, com tanta falta de tanta coisa, com tanta falta de esperança; eu penso que temos, cada vez mais, de olhar para esse lado estético da vida, e nosso, para conseguirmos mudar um bocadinho o curso das coisas e da humanidade”, acrescentou.
Graça Alves, que esteve na escola durante quase 30 anos, recorda que encontravam “sempre maneira” de inventar “um bocadinho para a beleza, para os valores”, e observa que, “agora”, o sistema, isto é, a escola obriga os docentes “a ter cada vez menos tempo”, e quando chegam à sala de aula, aos alunos, já não têm “energia para estas coisas”.
“Nós ouvimos sempre que não tem receitas, estamos a falar do plano teórico, mas penso que há sempre, há um bocadinho na aula, no pátio, na rua, nas atividades, para ensinar a amar a beleza também”, salienta a diretora do Museu de Arte Sacra do Funchal, onde tem a experiência de ver os professores que conseguiram “uma visita de estudo, ou vão arranjando do seu tempo, para levarem lá as crianças”.
“Uma das grandes mensagens que tentamos passar, e se eles levam lá, é porque também acreditam nisso, e penso que há esperança também para a escola do amanhã, obviamente, que vale a pena, a beleza é importante, é fundamental na construção da nossa felicidade. E nós andamos todos à procura de ser felizes, quer acreditemos ou não em Deus, ou quer sejamos crentes ou não, todos queremos ser felizes, e a beleza é um caminho para esse lugar”, concluiu Graça Alves, após a sua intervenção no congresso ‘Educação, Solidariedade e Evangelização. Da Europa para a Madeira, da Madeira para o Mundo’.
As Irmãs da Apresentação de Maria foram fundadas, por Marie Rivier, num contexto de resistência e persistência de modelos de vida consagrada ao serviço da Igreja Católica e da sociedade civil no plano da educação, da solidariedade e da pastoral, em 1976, na França.
A congregação feminina está a celebrar, neste ano de 2025, o centenário da sua presença em Portugal, onde chegaram através da Ilha na Madeira, com um congresso internacional; atualmente, estas religiosas estão presentes em 20 países do mundo.
PR/CB/OC
![]() O diretor da Agência ECCLESIA refletiu sobre ‘Educação Católica e Comunicação Social’, também na manhã desta terça-feira, um tema que poderia conduzi-los “por arquivos infindáveis”, e começou por afirmar que “a comunicação é o ambiente da educação; e a educação acontece com a comunicação”, o contexto pessoal ou familiar, escolar ou pastoral, “a promoção da comunicação é condição essencial para ajudar a desenvolver capacidades, dons, valores”. “Educação e comunicação estão integradas, cruzam planeamentos, programas, resultados… É nesta certeza que surge o conceito educomunicação. Em causa está a resignificação do espaço escolar (familiar e eclesial, podemos acrescentar) e dos ambientes comunicativos”, explicou Paulo Rocha, no Pestana Casino Park, no Funchal. “A educação acontece na comunicação e a comunicação acontece na educação; a comunicação (nomeadamente a que acontece nas redes sociais) dá um novo ambiente à educação e a educação acontece no contexto da comunicação, da cultura comunicativa”, acrescentou. O jornalista indicou que a ‘educomunicação’ é a circunstância em que informação, comunicação e educação “caminham juntas no processo educativo e cognitivo”, que pode partir do uso das tecnologias em ambiente de sala de aula, mas vai além disso: “transforma o modo como comunicamos, como aprendemos e como ensinamos”. Paulo Rocha salientou que educação e comunicação “atuam numa integração natural e permanente”, como é exemplo uma variedade grande de projetos em desenvolvimento nas escolas, nomeadamente o Externato da Apresentação da Maria, no Funchal, que é “uma Escola Tecnológica de Referência”, e as Oficinas Educativas dos Maristas de Carcavelos, que valorizam a utilização de ferramentas digitais. Em ‘Educação Católica e Comunicação Social’, o diretor da Agência ECCLESIA apresentou também desafios e, na conclusão, afirmou que “mais do que fomentar discursos demolidores” sobre verdades ou mentiras divulgadas pelos meios de comunicação social ou pelos media digitais, a promoção de um ‘perfil digital católico’ [mensagem de Bento XVI para o 45.º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2011)] “rejeita espaços de ódio, abranda entusiasmos mediáticos do momento e cultiva atitudes críticas”. “Urge promover a literacia mediática que cuide a presença de cada utilizador nos media, rejeite atitudes incendiárias e promova mensagens recheadas de verdade e de autenticidade. É a única forma de assumir uma identidade e promover uma sadia relação entre Escola Católica e Comunicação Social”, concluiu Paulo Rocha. |