Igreja/Ecologia: «Nunca a Laudato Si esteve tão atual», diz Luísa Schmidt

Socióloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa destaca importância de «mudar de paradigma»

Foto: RR/Miguel Rato

Lisboa, 22 mai 2021 (Ecclesia) – A socióloga Luísa Schmidt, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, afirmou que a encíclica ‘Laudato Si’, do Papa Francisco, “nunca esteve” tão atual, destacando a importância da Igreja Católica perante a crise climática.

“Nunca a ‘Laudato Si’ esteve tão atual. O que se passou nestes últimos cinco anos veio dar razão, veio dar força e sublinhar alguns dos aspetos que o Papa considerava centrais na necessidade de mudança”, refere a convidada da entrevista semanal conjunta Renascença/Ecclesia, emitida e publicada a cada domingo.

A investigadora elogia a perspetiva social com que o Papa aborda as questões ligadas ao meio ambiente.

“Não vale a pena pensarmos que enquanto continuar a existir esta pobreza extrema, esta desigualdade enorme, vamos conseguir resolver os problemas ambientais”, assinala.

A Igreja Católica encerra a 25 de maio ano especial que o Papa Francisco dedicou aos temas da ‘Laudato Si’, encíclica que propõe uma “ecologia integral”, no cuidado da natureza e dos seres humanos.

“O que é interessante nesta encíclica é também a sua abrangência, vai desde os problemas todos elencados, até às soluções, até à ideia de que todos nós temos aqui um papel, o papel individual e coletivo, e isto é muito importante”, refere Luísa Schmidt.

A socióloga destaca o pioneirismo do documento e a influência do Papa, que consegue “chegar a todos”.

“Há uma série de condições, neste momento, muito propícias para que muitas destas medidas que estão pensadas na ‘Laudato Si’ possam fazer agora o seu caminho”, aponta.

Quanto ao pós-pandemia, a entrevistada refere que a humanidade está a entrar num “capítulo novo, a mudar de paradigma”.

Há uma sensibilidade muito maior, que a pandemia nos trouxe, em relação a tudo o que se prende com a biodiversidade, mas também com uma certa visão do consumismo excessivo, o que o Papa chama ‘cultura do descarte’, que é muito importante. O consumismo excessivo é predatório, é algo que não pode continuar da maneira como estava anteriormente”.

Luísa Schmidt assinala o “momento de viragem” que se vive a nível internacional e elogia a mobilização dos jovens na defesa do ambiente, incluindo em Portugal.

A entrevista aborda ainda a intervenção política do Papa Francisco, desejando que possa marcar presença na 26.ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, que vai decorrer de  1 a 12 de novembro de 2021, em Glasgow, Escócia.

“Seria muito importante que estivesse, efetivamente, na COP de Glasgow, seria uma grande mais-valia e uma grande esperança para chegarmos a bom porto, num encontro tão importante, porque temos pouco tempo”, indica a investigadora.

Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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Agência ECCLESIA

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