Associação Casa Velha pede formação na área da ecologia integral, para mobilizar comunidades católicas
Lisboa, 08 dez 2025 (Ecclesia) – Catarina António, da Fundação Fé e Cooperação (FEC), lamentou a falta de “compromisso efetivo” após a realização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP30), na cidade brasileira de Belém.
Em entrevista à Agência ECCLEISA, a responsável da FEC, organismo ligado à Igreja Católica em Portugal, admitiu que a participação na COP30, em Belém do Pará, ficou marcada pela convicção de que “ainda faltam mais alguns passos para haver um compromisso efetivo”.
Catarina António explicou que o evento “ficou muito a cair daquilo que se pretendia” e que o acordo final desilude quem esperava medidas concretas.
A responsável lamentou especificamente a ausência de um plano para o fim dos combustíveis fósseis.
“A eliminação do roteiro foi algo que nos desiludiu bastante”, assume.
A entrevistada destacou que a definição deste caminho “mexe com muita coisa” e que “nem todos os países estão dispostos a ceder nesse campo”.
Apesar dos entraves políticos, Catarina António valorizou a mobilização em torno da cimeira, afirmando que é preciso “louvar a participação da sociedade civil, que foi a maior participação de sempre”.
A par da COP30, a Associação Casa Velha assinalou os 10 anos da encíclica ‘Laudato Si’ com um encontro nacional que resultou numa carta pública enviada à Conferência Episcopal Portuguesa.
Susana Réfega, da associação, adiantou que o documento reconhece o caminho percorrido, mas alerta que “a encíclica ainda é pouco conhecida” e por vezes “mal interpretada por certas pessoas ao dentro da igreja”.
A responsável da Casa Velha enumerou as propostas enviadas aos bispos, onde se incluem “pistas concretas em várias áreas, quer na área da pastoral, com o apelo a que o tempo da criação seja formalmente adotado por todas as dioceses”.
Susana Réfega defendeu também a aposta na capacitação interna, reconhecendo que “os líderes das comunidades também precisam de formação nesta área da ecologia integral”.
O documento pede uma voz mais ativa da Igreja na esfera pública, “não tendo pudor em defender questões que são imperativos morais, mas que também são questões políticas”.
A entrevista abordou ainda o conceito de ativismo, com Susana Réfega a sustentar que “deve ser vista como um aspeto positivo de uma forma de empenho e compromisso com a transformação da sociedade”.
“Um ativista é alguém que atua em prol das causas em que acredita”, precisou.
Catarina António reforçou a urgência destas causas, lembrando que “não há plano B” e que a FEC mantém o foco na sensibilização e na pressão política até à próxima cimeira.
“O que me motiva sempre a ir não é o ser em Belém, não é o ser em Paris, não é o ser em Glasgow”, mas sim “poder conversar com quem tem poder de decisão para que a sociedade civil se faça ouvir”, concluiu.
PR/OC
