Igreja: É preciso dar um «novo paradigma» à missão – padre Adelino Ascenso

Sacerdote aborda curso de missiologia que decorre em Fátima até ao próximo sábado

Lisboa, 22 ago 2017 (Ecclesia) – Os Institutos Missionários ‘Ad Gentes’ e as Obras Missionárias Pontifícias estão a promover até sábado, 26 de agosto, um curso sobre missiologia para alavancar o trabalho feito nesta área, em Portugal e no exterior.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Adelino Ascenso, coordenador do referido curso, destaca esta fase como a preparação das pessoas para “aquilo que é o núcleo missionário, para depois ganharem força, energia, até no contacto com outras pessoas, missionárias ou não, para partirem”.

Isto porque a fase seguinte já depende mais daquilo que os missionários vão encontrar, a aprendizagem do que é “a cultura local” e a vivência dos povos para onde vão ser enviados.

No caso do sacerdote, teve oportunidade de fazer missão no Japão, a partir de 1998, e um dos primeiros passos foi aprender a língua.

“Se nós não falarmos japonês não podemos fazer absolutamente nada no Japão. Tem que haver este diálogo com a cultura japonesa”, salientou aquele responsável.

Nesse sentido, foram mais de dois anos de aprendizagem da língua, “de segunda a sexta, quatro horas por dia, com muito trabalho para casa”.

“Depois, cada pessoa tem o seu ritmo, a sua forma de ser”, destaca o padre Adelino Ascenso, para quem o principal é que “aprender” e “escutar” a todos os níveis, “não despejar o que se leva”.

“Se não houver integração, nós seremos sempre um corpo estranho. A inculturação tem que sempre existir, sem perdermos os nossos valores, a nossa identidade”, alertou.

Esta importância da inculturação está presente no curso em causa, por exemplo no tema do diálogo inter-religioso, um dos destaques dos trabalhos que decorrem nas instalações dos Missionários da Consolata, em Fátima.

“O diálogo inter-religioso é um tema incontornável e diria que hoje em dia, mais do que diálogo inter-religioso, o diálogo intercultural”, acrescenta o sacerdote, uma vez que há culturas, como a japonesa, em que “as conceções de Deus, de pecado, de morte”, por exemplo, “são completamente diferentes das nossas”.   

Depois, a consciência da importância do “silêncio” e de atos “concretos”, porque “as pessoas estão saturadas de palavras”, é necessário hoje um “novo paradigma”  de missão que este curso procurará ajudar a consolidar.

“A palavra é imprescindível, mas uma coisa é a Palavra, outra coisa são as palavras em que transformamos essa Palavra muitas vezes”, aponta o padre Adelino Ascenso.

O curso de missiologia destina-se sobretudo a missionários que queiram reavivar os conteúdos teóricos necessários ao seu trabalho, nos locais onde estejam de serviço, a jovens que se estão a preparar para a missão, a sacerdotes diocesanos que pretendam dinamizar a missão nas suas comunidades, e a membros da vida consagrada empenhados nesta área.

Entre os formadores estão nomes como o bispo de Lamego, D. António Couto; também o historiador José Eduardo Franco; a professora Teresa Messias, especialista em Teologia Espiritual; e o padre José Nunes.    

PR/JCP

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