Jovem portuguesa emigrante em Basileia trouxe 450 jovens à JMJ Lisboa 2023
Lisboa, 10 jan 2024 (Ecclesia) – Sara Torgal, jovem emigrante portuguesa em Basileia, na Suíça, diz que é necessário dar “comunidade” aos jovens para que eles sintam que na “Igreja estão em casa”.
“É claro que a formação base teológica e espiritual é necessária, mas os jovens necessitam de uma vivência forte e de desenvolverem o sentido crítico, conseguirem discernir e construir, e sentirem-se acolhidos. Na Igreja vão sempre encontrar casa”, explica à Agência ECCLESIA.
A jovem que trouxe a Portugal 450 jovens, residentes na Suíça, para participar na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, e que semanalmente, na comunidade portuguesa, prepara dois grupos para o sacramento do Crisma, reconhece o “fogo” que a participação em agosto, em Lisboa, deixou marcas na juventude com quem contactou.
“Na Suíça houve muita dinamização; conheci jovens que estavam muito afastados, mas que na altura se entusiasmaram e participaram na JMJ e ficaram com sede. Temos de aproveitar o fogo que foi gerado para continuar aquele estímulo”, conta.
Sara Torgal foca a necessidade de uma pastoral comunitária que integre os jovens na pastoral juvenil não só da comunidade portuguesa mas nas propostas que a pastoral suíça faz.
A jovem portuguesa está há cinco anos em Basileia, cidade suíça, onde trabalha em “política do medicamento”, concretamente, com os mercados do norte de África e do Médio Oriente, e explica que no seu trabalho consegue concretizar a sua vocação cristã,
“Temos que criar eficiência no processo para o doente ter acesso mais rápido a medicamentos. Um doente que tem uma doença rara, um cancro raro por exemplo, necessita de medicamento muito específico, muito caro, na sua maioria, e procuramos que a pessoa tenha acesso rápido. Há países que não têm capacidade e uma autoridade reguladora, para o conseguir”, explica.
Com estudos em Ciências Farmacêuticas, e depois de ter trabalhado alguns anos em Portugal, decidiu sair do país concretizando um projeto de “fidelidade” na sua vida e integrou-se na comunidade portuguesa naquela cidade.
“Eu nunca me senti sozinha. Duas semanas depois de ter chegado, procurei a comunidade portuguesa na paróquia e integrei-me no coro. Acolheram-me imediatamente de forma incrível. É a minha segunda família. Eu até me emociono sempre um bocadinho a pensar nisto, porque a comunidade foi muito importante para mim”, assinala.
Sara Torgal reconhece que emigrou em condições diferentes da sua geração, ou até de gerações mais velhas: “Eu tenho uma visão um bocadinho condicionada, porque emigrei por escolha, para avançar na minha carreira, fazer uma coisa diferente, e sinto mesmo que foi uma questão de fidelidade à vontade que Deus tem para mim. Eu nunca senti rancor, nunca senti que estava a ser traída pelo meu país, antes um sentimento de gratidão”.
Natural de Cacilhas, em Almada, na diocese de Setúbal, esta jovem radica o seu crescimento na paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso, onde conheceu a comunidade Membré, um movimento de base que lhe confirmou a vocação cristã e a vontade de “ser pedra viva da Igreja”.
“Eu sinto que a abertura à vontade de Deus tem sido uma constante na minha vida e que isso tem sido muito importante. Lembro-me de com uns 14 anos ter uma forte experiência de amor e à medida que ia crescendo, ia-se tornando clara a minha adesão, o meu crescimento na fé e relação próxima com Deus”, explica.
A comunidade Mambré, que conheceu através dos pais, aposta numa formação a nível espiritual, teológico e humano, procurando que “cada homem e mulher” se tornem “pedras-vivas da igreja nas suas paróquias”.
“Sempre senti uma desinstalação, uma sede de querer estar mais próxima de Deus, e principalmente de querer ser uma pedra mesmo viva da Igreja”, conta.
A conversa com Sara Torgal pode ser acompanhada esta noite no programa ECCLESIA na Antena 1, pouco depois da meia-noite, e escutada posteriormente no portal de informação e no podcast «Alarga a tua tenda».
LS