As relações entre a Igreja e o Governo na Venezuela estão cada vez mais tensas. O presidente Hugo Chávez não poupou o Cardeal Castillo Lara, presidente emérito da Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano, a quem chamou “”bandido, golpista e imoral”. O Cardeal venezuelano, uma das figuras mais respeitadas da Igreja Católica no país, tem-se distinguido pela sua preocupação relativamente à solidificação da democracia na Venezuela, que considera ameaçada pelas intenções ditatoriais de Chávez. As tensões entre Governo e Igreja tinham aumentado após a 84ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), na qual os prelados tinham denunciado a “crescente partidarização da justiça”, alertando para o risco de se acabar com o Estado de Direito no país. A CEV criticava “uma polarização e um mal-estar persistentes que condicionam as percepções e juízos sobre toda a realidade social e que dificultam o diálogo, o consenso e a colaboração para o bem comum”. Chávez tem acusado a Igreja de ser “uma força da oposição”, que o impede de levar por diante aquilo que denomina de “revolução bolivariana”. A CEV criticou, recentemente, um “discurso quase de guerra e de militarização” na Venezuela, numa referência às iniciativas de Chávez para armar a nação contra o que ele descreve como um ataque dos EUA. Os Bispos não admitem “que o critério de solução das divergências seja a imposição da força ou a utilização arbitrária do poder e das armas”.
