Dez regras ajudam a reconhecer sinais de alerta e impõem limites ao contacto com as crianças
Os bispos católicos dos Estados Unidos publicaram na Segunda-feira um guia com dez preceitos que visam impedir os abusos sexuais sobre crianças no contexto de actividades ligadas à Igreja.
“É ingénuo supor que as pessoas conhecem automaticamente os limites, pelo que as instituições e famílias têm de os explicitar”, escreve Teresa Kettelkamp, directora do Secretariado para a Infância e Juventude da Conferência Episcopal dos EUA.
“Nenhuma pessoa que se ocupe de jovens, padre ou outro responsável adulto deve estar no quarto de uma criança, sozinho com ela”, determina o texto.
No entender dos responsáveis, “o abusador, a família da vítima e a comunidade paroquial são afectadas pelo pecado e pelo crime”, mas, sublinham, a principal preocupação da Igreja devem ser com a vítima.
As comunidades eclesiais são convidadas a verificar sistematicamente o passado do pessoal a que recorrem.
Ninguém “tem automaticamente o direito de se ocupar de crianças que são confiadas à Igreja sem verificação preliminar”, assinala o texto: “por vezes, acrescenta, ‘a pessoa mais simpática do mundo’ é uma abusadora e esta ‘simpatia’ possibilita um falso sentimento de confiança” entre abusador e vítima.
“Se um adulto teve problemas com as regras da vida em sociedade, como não conduzir embriagado ou não perturbar a ordem pública, ele ou ela pode ter dificuldades com outras normas, como não molestar uma criança”, refere o documento.
O guia alerta para os comportamentos que expressam sinais de potenciais abusos sexuais, como é o caso de um adulto que oferece muitos presentes a uma criança ou a autoriza a ter comportamentos que os pais proíbem.
Por seu lado, os voluntários que desejem trabalhar com crianças numa paróquia ou escola “têm de seguir as directivas diocesanas” e “códigos de conduta” previamente aprendidos.
O Secretariado para a Infância e Juventude reconhece que as vítimas de abuso sexual raramente ultrapassam essas situações, causadoras de sentimentos de “raiva”, “vergonha” e “traição”.
O alívio da dor, indica o texto, ocorre muitas vezes quando a pessoa é ouvida, quando as suas preocupações são “tomadas a sério” e a indignação é “reconhecida”.
Em Abril, as dioceses dos EUA reanalisam e divulgam as medidas tomadas para proteger a infância, no seguimento da publicação, em 2002, da Carta para a Protecção das Crianças e Jovens, que surgiu em resposta aos abusos sexuais de menores por parte de membros do clero.
Estas regras foram divulgadas no mesmo dia em que o Vaticano publicou no seu site os procedimentos a seguir em casos de abusos de menores.