Igreja do Algarve festejou a ordenação de novos padres

Uma das maiores igrejas do Algarve, tornou-se pequena, muito pequena, para acolher a multidão congestionada que não quis deixar de participar no acontecimento, ocorrido Domingo à tarde, muito significativo para a Igreja algarvia como fez questão de sublinhar D. Manuel Quintas no início da celebração. Foram mais de mil pessoas que começaram a concentrar-se no adro da igreja de São Pedro do Mar, em Quarteira, ainda hora e meia antes do início da celebração das ordenações diaconal do seminarista Miguel Neto e presbiterais dos diáconos Flávio Martins e Pedro Manuel. A juntar aos imensos veículos particulares, pelo menos oito autocarros deslocaram-se até à igreja de Quarteira, trazendo fiéis rigorosamente um pouco de todo o Algarve para assistirem às ordenações de dois novos padres e de um novo diácono. Para além dos leigos, religiosos e seminaristas algarvios, e do Bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas, esteve ainda presente o Bispo Emérito da diocese algarvia, D. Manuel Madureira Dias, e a quase totalidade dos sacerdotes algarvios, assim como muitos vindos das dioceses vizinhas de Beja e Évora e até de outras. Num dia em que toda a Igreja celebrava a solenidade de Pentecostes e a Igreja algarvia estava em festa também por assinalar o seu dia, mais um Dia da Igreja Diocesana, o Bispo do Algarve, que presidiu à Eucaristia, começou, na sua homilia, por interpelar a numerosa assembleia presente sobre o significado daquele acontecimento. “Que dom mais excelente poderia o Senhor oferecer-nos no dia da nossa Igreja diocesana? Que resposta mais confortante poderia o Senhor da messe dar a esta porção do seu povo que insistentemente vem clamando por trabalhadores para a sua messe?”, questionou D. Manuel Quintas, lembrando que “associados ao sacerdócio de Cristo, os presbíteros e os diáconos são consagrados pela acção do Espírito Santo para anunciar o Evangelho, santificar e apascentar o povo de Deus e celebrar o culto divino, principalmente o sacrifício do Senhor”. “A participação específica no ministério de Cristo faz dos que são ordenados na Igreja e para a Igreja, imagem real, viva e transparente de Cristo sacerdote, uma representação sacramental de Jesus cabeça e pastor”, complementou o Bispo diocesano. D. Manuel Quintas observou, a propósito, que “os ordenandos devem comportar-se de tal modo que, sempre e em toda a parte, sejam reconhecidos como verdadeiros discípulos de Cristo que não veio para ser servido, mas para servir”. Dirigindo-se ao seminarista que entraria momentos depois na ordem do diaconado, o Bispo do Algarve pediu-lhe que tenha Cristo como modelo. “Caríssimo Miguel, vê o exemplo que o Senhor deixou para que, como Ele procedeu, assim procedas tu também. Na tua condição de diácono procura de todo o coração realizar com amor a vontade de Deus e, servindo ao Senhor, serve também todo o teu povo com alegria. E como sabes que ninguém pode servir a dois senhores, considera toda a impureza e o apego aos dons deste mundo como idolatria”, pediu. Aos diáconos que seriam ordenados sacerdotes, deixou igualmente algumas recomendações. “Caríssimos Flávio e Pedro, procurai exercer tudo o que vos compete do sagrado mundo e ensinai como Jesus Cristo, o vosso mestre, distribuindo a todos a Palavra de Deus, que vós mesmos recebestes como alimento. Seja o vosso ensino alimento para o povo de Deus e o vosso viver, motivo de alegria para os fiéis”, recomendou. “Exercereis também em Cristo o múnus de santificar. O vosso ministério realiza plenamente o sacrifício espiritual dos fiéis unido ao sacrifício de Cristo que juntamente com ele é oferecido pelas vossas mãos para o altar. Tomai consciência do que fazeis e imitai sempre o que realizais. Realizai pois, com verdadeira caridade e alegria constante, o ministério de Cristo sacerdote, não procurando os vossos interesses, mas sempre os de Jesus Cristo”, solicitou ainda D. Manuel Quintas. Aos três ordinandos, o Bispo do Algarve pediu ainda que exerçam o seu ministério ordenado “como anunciadores da alegria, fruto do encontro com Cristo ressuscitado e como testemunhas da esperança que Ele semeia no coração de quantos o acolhem pela fé e deixam que Ele transforme as suas vidas”. “Sede fiéis a Cristo, à Igreja e ao povo que vos será confiado, trabalhando em comunhão com todo o presbitério que vos acolhe como irmãos mais novos. Não tenhais medo, o Espírito Santo preceder-vos-á sempre na vossa acção apostólica. Consagrai o vosso ministério a Maria, acolhei-a como Mãe e escutai-a como mestra e modelo do vosso serviço à Igreja”, exortou ainda D. Manuel Quintas. Aos fiéis presentes, para além do louvor a Deus pelo dom dos três ordenandos, desejou que a celebração de ordenações reforce ainda mais a oração e a solicitude pela promoção de vocações de consagração e a estima pelos seminaristas, diáconos e presbíteros. Aproveitando a presença de inúmeros jovens, o Bispo diocesano deixou-lhes uma interpelação vocacional. “Estou certo que Deus hoje, pela acção do Espírito Santo, falou ao vosso coração e certamente semeou em muitos de vós uma semente à vocação de consagração na Igreja. Não tenhais medo. Não é fácil hoje acolher este apelo. Deus está connosco e acompanha-nos e o Espírito Santo fortalece-nos na resposta aos apelos que Deus nos faz”, afirmou. Ainda sobre o Dia da Igreja diocesana, o Prelado considerou que “deve constituir para todos uma oportunidade para uma revisão de vida sobre o modo como cada um exerce a sua vocação na Igreja”. “Convido-vos por isso mesmo a interrogarmo-nos hoje sobre o tempo que dedicais à escuta da Palavra e ao aprofundamento da fé; sobre a adesão e fidelidade à celebração comunitária da fé, particularmente a Eucaristia; sobre o espírito de serviço e de solidariedade com os mais necessitados”, concretizou, exortando à edificação de “comunidades vivas, fraternas, imbuídas de espírito missionário”, constituídas por “testemunhas corajosas de Cristo ressuscitado, construtores de uma nova humanidade”. Seguiu-se então o rito das ordenações, constituído por alguns gestos significativos, mas que teve como momento mais importante o da ordenação propriamente dita com a imposição das mãos do Bispo diocesano sobre os ordenandos. Um dos gestos significativos foi a colocação das suas mãos nas mãos do Bispo, um gesto de comunhão e de unidade, prometendo-lhe obediência e reverência enquanto sucessor dos apóstolos, sinal e garante da unidade da Igreja e desta com a Igreja de Roma. Os outros momentos de destaque aconteceram já depois da ordenação com os recém-ordenados a serem revestidos com as vestes diaconal e presbiterais, recordando que, antes de mais, se devem continuamente revestir de Cristo. De seguida, ao novo diácono foi-lhe entregue o livro dos Evangelhos que agora, de modo particular, tem a missão de anunciar, mas sobretudo de amar e viver e aos novos padres foi-lhes entregue a píxide e o cálice. Gesto pleno de significado foi também, como acontece em todas as ordenações sacerdotais, a imposição das mãos pelos restantes sacerdotes aos novos membros do presbitério e o momento, quando os recém-ordenados, já ungidos no ministério presbiteral, foram saudados por todos os sacerdotes e saudaram os seus familiares. Igualmente significativa constituiu a Concelebração Eucarística, com a preparação do altar realizada pelo novo diácono Miguel Neto, e já participada pelos padres Flávio Martins e Pedro Manuel, respectivamente de 28 e 24 anos, naturais de Monte Gordo e Monchique, a que se associaram os restantes sacerdotes presentes. Em virtude da sua caminhada rumo ao sacerdócio, a ordenação diaconal de Miguel Neto, de 29 anos, natural de Quelfes, no primeiro grau do sacramento da Ordem não o será com carácter permanente, mas breve e transitório, pois constitui a terceira e última etapa antes de entrar também ele para a comunidade presbiteral algarvia. A missão do diácono consistirá, antes de mais nada, em ficar consagrado pelo sacramento da Ordem para o serviço do altar, para o serviço da caridade e para o serviço da Palavra. No final da celebração particularmente emotiva para os ordenados e para as famílias, os novos sacerdotes dirigiram algumas palavras à assembleia. “Sinto-me verdadeiramente feliz por puder entregar tudo o que sou para vos servir”, assegurou o padre Pedro Manuel. Seguiu-se o padre Flávio Martins. “Os dias todos da minha vida não bastarão para bendizer o Senhor por aquilo que Ele foi fazendo na minha história e na minha existência e que hoje permitiu que dissesse um sim pleno e cheio de alegria”, disse. O padre Pedro Manuel celebrará a sua Missa Nova no próximo dia 18 de Maio, pelas 17 horas, na igreja paroquial de Monchique e o padre Flávio no próximo dia 25 de Maio, pelas 17 horas, na igreja paroquial de Monte Gordo.

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Agência ECCLESIA

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