«Eu não posso ser ocasião para os jornalistas se fazerem ouvir», alerta D. José Policarpo no Dia Mundial das Comunicações Sociais, comentando também o envolvimento da Igreja nas ferramentas digitais da comunicação A presença da Igreja na comunicação social tem de acontecer mediante uma mensagem a transmitir e pela capacidade de gerar acontecimentos mediáticos.
Em entrevista ao Programa “8º Dia”, da TVI, o Patriarca de Lisboa referiu-se à “evolução enorme que este sector teve”, nomeadamente a nível tecnológico, e ao tempo de adaptação ao que considerou ser uma “mudança rápida demais”. Mas com resultados positivos.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais que este Domingo se assinala é, para o Patriarca de Lisboa, prova disso: porque dinamizado com uma Mensagem em sintonia com as novas realidades de comunicação e com factos que lhes correspondem, como são os perfis nas redes sociais (myspace e youtube, nomeadamente) criados pelo Vaticano.
Para D. José Policarpo, o Papa ofereceu à Igreja um exemplo concreto do que deve ser a atitude diante desta “página inovadora”: “escreveu e criou uma nova plataforma informática para a evangelização dos jovens”.
Como neste caso, a presença da Igreja Católica na sociedade mediática “tem de ser acontecimento, não pode ser só discurso”. E é “com agrado” que D. José Policarpo observa a crescente modernização tecnológica e correspondente formação dos recursos humanos “para uma presença evangelizadora nos grandes meios informáticos, nesta explosão que foi a comunicação”.
Em declarações ao Programa “8º Dia”, D. José Policarpo defender, no entanto, que “os meios não fazem a comunicação. O que faz a comunicação é a mensagem humana, o desejo da pessoa humana ter algo a dizer ao seu semelhante”.“No dia em que não formos mensagem e nos servirmos destes meios só para nos fazermos ouvir, não haverá comunicação”, alertou.
Relação Igreja/Meios de Comunicação Social
“Eu não posso ser ocasião para os jornalistas se fazerem ouvir. Os jornalistas têm de ser uma ocasião para a sociedade me ouvir, num diálogo” – defendeu D. José Policarpo quando questionado sobre as relações entre a Igreja e a Comunicação Social.
“Custa-me que certos meios de comunicação social, certos agentes de comunicação social, quando se abeiram de nós, personalidades que eles querem ouvir, abeiram-se de nós para dizermos o que eles já decidiram que a gente queria dizer”. E “aceitam mal que isso não aconteça”.
“Isso não pode ser”, denunciou o Patriarca de Lisboa, recordando ocasiões em que a falta de objectividade provocou “mágoas”.
“Uma problemática enquadrada num contexto social mais vasto, que é uma “tendência da sociedade enquanto tal e a comunicação participa dessa tendência enquanto voz da sociedade”.E que consiste em “tentar que Igreja seja o que eles querem, que mude ao ritmo da sociedade, ao ritmo das exigências da própria evolução social”. Diante desta realidade, D. José Policarpo refere que “a igreja não se recusa à mudança mas não é esse o seu critério de mudança”.
No Dia Mundial das Comunicações Sociais, e falando no final da Eucaristia transmitida pela TVI da paróquia de S. Vicente de Paulo, no Bairro da Serafina, em Lisboa, que completava 50 anos de fundação, o Patriarca de Lisboa sublinhou que este dia, Mundial das Comunicações Sociais, é ocasião para “ver as coisas pela positiva, pela missão indispensável dos meios de comunicação social na sociedade contemporânea”.
No relacionamento da Igreja com os meios de comunicação social, D. José Policarpo refere que “o balanço é positivo”. “Não há conflito, há compreensão mútua, há dialéctica”, finaliza.
Novos Portais
O Dia Mundial das Comunicações Sociais é determinado pela Mensagem que o Papa dirige à Igreja Católica em todo o mundo para esse dia. Este ano, “Novas Tecnologias, novas relações” é o tema proposto por Bento XVI. Ele foi apresentado à comunicação social pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais no conjunto de iniciativas que marcam, em Portugal, a celebração desta Jornada.. Nomeadamente a apresentação de novas páginas da internet para o portal de informação, da Agência Ecclesia, e da Conferência Episcopal Portuguesa. Para além da nova apresentação, são novas as ferramentas de colocação dos conteúdos publicados em diferentes plataformas, nomeadamente as redes sociais.
O portal de informação surge agora em parceria com uma ferramenta de criação de: www.catolicanet.eu. Este portal, gerido e desenvolvido pela Terra das Ideias, permite criar páginas de forma rápida e fácil e possibilida a partilha de conteúdos, notícias nomeadamente, entre a Agência Ecclesia e cada um da das páginas que se criem com esta ferramenta.
A nível local, diocesano e paroquial, são diversas as iniciativas que podem assinalar o Dia Mundial das Comunicações Sociais, onde os peditórios das Eucaristias revertem para os projectos nacionais e diocesanosda Igreja Católica no âmbito das comunicações sociais.