Quatro dias de reflexão com presença do cardeal Gianfranco Ravasi e convidados de várias áreas
Albufeira, 30 jan 2018 (Ecclesia) – O bispo do Algarve, diocese que acolheu até hoje o encontro anual do clero do Sul, disse à Agência ECCLESIA que o encontro valorizou os desafios deixados pelo Papa Francisco para uma “Igreja em saída”.
“Quando nos desinstalamos, quando deixamos a comodidade de uma vida pacata, serena, do dia a dia, e nos predispomos para ser Igreja peregrina, sentimo-nos mais rejuvenescidos, mais enriquecidos”, referiu D. Manuel Quintas.
A jornada de atualização dos padres das dioceses portuguesa do Sul – Algarve, Beja, Évora e Setúbal – começou nesta segunda-feira e debateu o tema ‘Desafios para uma Igreja «Semper Renovanda» – Secularização, Diálogo, Discernimento’, com a presença de vários convidados, entre eles o presidente do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), cardeal Gianfranco Ravasi.
D. Manuel Quintas sublinha que as “Igrejas irmãs” procuram, anualmente, dedicar alguns dias a refletir e conviver.
“É um privilégio acolher as dioceses irmãs, permitindo criar um bom relacionamento, um elemento familiar entre o clero, que é tão importante”, sustentou.
O bispo da diocese anfitriã do encontro considera que o tema escolhido foi “muito feliz”, ajudando a despertar o “sentido de dinamismo” que deve caraterizar as comunidades católicas.
Uma Igreja que “está sempre a caminho”, numa atitude de escuta das “várias realidades”, acrescentou.
O Instituto Superior de Teologia de Évora (ISTE) organizou o encontro pela 11.ª vez.
“Uma das caraterísticas do nosso Instituto é a proximidade”, afirma o presidente do ISTE à Agência ECCLESIA, com professores e alunos “integrados, com responsabilidades pastorais”.
O padre José Morais Palos considera que a iniciativa tem uma “grande projeção”, situando os participantes “na relação da Igreja com o mundo”.
“O mundo muda, as mutações são muito repentinas, pelo que temos sempre esta preocupação”, prosseguiu.
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As jornadas de atualização do clero das dioceses do Sul terminaram esta manhã, com um painel dedicado às ‘Experiências positivas de diálogo e evangelização, numa sociedade multicultural, multirreligiosa e secularizada’.
De Beja, o padre José Maria Afonso Coelho partilhou a experiência do diálogo com as “gentes da terra” e historiadores não-crentes na investigação histórica sobre o seu concelho natal, Almodôvar, com raízes na Idade Média.
A descoberta de figuras “ilustres”, como missionários jesuítas, “abriu um tempo novo” que levou a semanas culturais e outras ações que valorizaram o município.
“Criou-se a consciência que temos valores, temos uma identidade, temos uma memória”, precisa.
O trabalho levou-o a acompanhar arqueólogos, em Almodôvar, e historiadores “interessados em conhecer a identidade do Alentejo”, mesmo que não estejam muito ligados à Igreja.
No exercício do ministério paroquial, particularmente nas aldeias, esse interesse histórico tem ajudado o padre José Maria Afonso Coelho a despertar as populações para a sua identidade “única”.
Em andamento, atualmente, está uma história dos últimos 250 anos da Diocese de Beja.
OC