Igreja: Dioceses de Setúbal e Santarém nasceram da ânsia de uma «renovação pastoral»

Cónego António Janela recorda processo que acompanhou há 40 anos atrás

Lisboa, 17 jul 2015 (Ecclesia) – O diretor do Instituto Diocesano de Formação Cristã do Patriarcado de Lisboa diz que a reconfiguração do território em 1975, com a criação das dioceses de Setúbal e Santarém, levantou desafios ao nível da presença da Igreja Católica no espaço urbano.

Numa entrevista publicada no Semanário ECCLESIA, o cónego António Janela que há 40 anos acompanhou de perto o processo, recorda que este teve origem na criação de três regiões pastorais – Lisboa, Santarém e Setúbal –, nos anos a seguir ao Concilio Vaticano II (1962-1965).

Na altura, realça o sacerdote, o ambiente eclesial era marcado por uma certa “tensão” mas também pelo desejo de uma “renovação pastoral”.

Foi a partir de nomes como o cónego Manuel Falcão, mais tarde bispo auxiliar de Lisboa e bispo de Beja; e os padres Armindo Duarte, Álvaro Proença e José Serrazina que entrou em marcha a nova reconfiguração da Igreja Católica lisboeta.  

“A própria Diocese de Lisboa foi também dividida em zonas pastorais que, ainda hoje, de algum modo, perduram. Foi um outro modelo que começou a surgir”, refere o cónego.

Apesar da delineação das fronteiras “já estar prevista”, o nascimento de duas novas dioceses teve repercussões em todas as estruturas organizativas, a começar pela formação do clero.

“Durante muito tempo, até aos anos 90”, frisa o cónego António Janela, “os seminaristas de Setúbal e Santarém frequentavam o Seminário dos Olivais, em Lisboa”.

“Ainda hoje, Santarém recorre muito às estruturas da Diocese de Lisboa”, realça o mesmo responsável.

No que toca ao futuro, o diretor do Instituto Diocesano de Formação Cristã do Patriarcado de Lisboa acredita que a renovação que o Concílio Vaticano II “pedia” ainda está “passados 50 anos” por concretizar.

 “Veja-se a atualidade dos documentos conciliares. Alguns pontos ainda não estão explorados”, aponta.

O cónego olha também para o contexto atual do clero na região, que na sua opinião requer também uma nova reorganização pastoral.

“Não é apenas uma questão de organização, mas também de mentalidade e de perspetiva. Tenho esperança que o Sínodo de Lisboa seja capaz de rever aquilo que a sociedade civil já reviu. Esta revisão não pode ser feita apenas na secretaria. Deve ser um trabalho de base que passa muito pelo laicado”, conclui.

JCP

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top