Igreja Diocesana, Mãe dos Cristãos

D. Teodoro de Faria, Bispo do Funchal Estamos no mês de Setembro, as crianças vão para a escola, os estudantes universitários matriculam-se, terminam as férias, recomeçam os trabalhos. Embora seja Outono, há uma vida nova que percorre as estruturas da sociedade, uma primavera da vida que toca directamente a acção da Igreja. Prepara-se o novo ano pastoral, matriculam-se crianças e adolescentes na catequese, procuram-se e preparam-se novas catequistas. A Igreja particular ou Diocese tem a missão de levar esperança ao mundo, esperança que não ilude porque fundada sobre a Palavra de Deus, sempre viva e eficaz, que não murcha nem se corrompe, esperança que Deus colocou nas mãos da Sua Igreja, com o poder do Espírito Santo. A Igreja diocesana precisa de todos, de peritos em Teologia, Sagrada Escritura, Direito e Ciências Humanas, dos responsáveis da catequese, da corresponsabilidade dos cristãos, da consciência que as crianças e adolescentes devem ter de pertencer pelo baptismo à Igreja de Jesus Cristo. A Diocese vive o todo da Igreja no lugar que ocupa, numa profunda e misteriosa unidade que leva a que o Corpo de Cristo, na Eucaristia, una todas as Igrejas particulares, formando a Igreja Universal. A Igreja particular em união com o Bispo e este com o Papa, tem em si o todo do mistério do Povo de Deus, embora seja uma pequena parte, como é a Igreja do Funchal. 2. Em cada Diocese há uma Catedral e uma cadeira do Bispo, símbolo do ensino que, na Diocese, é ministrado em primeiro lugar pelo Bispo e depois por todos os membros do Presbitério e povo de Deus. Os Padres da Igreja quando se referiam à missão da Igreja diziam que o principal era a audição da Palavra de Deus e ao mesmo tempo à compreensão espiritual desta Palavra que toma forma através das palavras humanas, usadas em cada língua. Pregar a fé cristã na Catedral, significa ensinar o que Deus diz aos homens de cada tempo e exercitar o dom da profecia. “Sois filhos dos profetas” (Act. 3,25), dizia São Pedro aos seus fiéis. A profecia continua a ser um dom do Senhor à Sua Igreja, não só através da Palavra mas também dos símbolos. Para isso a Catedral e as Igrejas paroquiais precisam de beleza, para celebrar a santa liturgia. A nossa Catedral é bela e atrai com a arte das suas pinturas, talhas, tecto, colunas, luminosidade. Quem sente essa beleza aproxima-se do mistério, seja crente ou aconfessional. A Igreja é Mãe que gera e salva com a Palavra. Toda a comunidade cristã coopera nestes nascimentos. Esta maternidade não se actua somente no baptismo, pregação e sacramentos, diz respeito a toda a vida cristã. Cada fiel é formador e gerador da fé pela força do Espírito Santo; cada um dá o seu contributo, segundo a missão que recebeu de Deus e no lugar onde exerce o seu trabalho ou ministério. 3. Cada Diocese tem um pastor e um guia que é o Bispo. O que o torna diferente dos membros do Povo de Deus é ser sucessor dos Apóstolos, e como tal, representante de Cristo na sua Diocese, seu prolongamento e imagem. Este ministério é aceite no amor, cresce no sofrimento com amor, encontra a sua força no amor de Deus e do próximo. É sua missão formar as consciências dos fiéis e faze-los crescer na fé, não segundo a moda dos tempos, os interesses das pessoas, as tradições sem conteúdo, o ruído alucinante das festas. Podem alguns cristãos dizer que não precisam do Bispo, mas o que nunca pode faltar numa Diocese, mesmo que tenha muitas paróquias, congregações religiosas e associações, é a Catedral com o Bispo, porque sem ele falta o sucessor dos Apóstolos. Foi desta forma que Cristo instituiu a Sua Igreja e assim há-de continuar. A Diocese é casa e escola de comunhão, afirmou-o o Papa João Paulo II. “Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão, eis o grande desafio que está diante de nós neste novo milénio se queremos ser fiéis ao desígnio de Deus e responder também aos anseios profundos do mundo” (N.M.I: nº 4). A comunhão é dom do Espírito Santo e empenhamento de cada cristão, tem a sua expressão fundamental na Sagrada Eucaristia. Na Catedral, junto à cadeira de ensino do Bispo tem lugar eminente o Altar. Os presbíteros são ordenados na Catedral e junto do Altar; daí partem depois para a evangelização do Povo de Deus, nas paróquias e recantos da Diocese. O Povo de Deus não é constituído por uma elite, mas por todos os que o Espírito Santo vai agregando à Igreja, Una, Santa, Católica, Apostólica. Esta comunhão, que coloca todos a operar no anúncio do Reino de Deus, é uma mentalidade que se conquista, é um operar em conjunto, o criar de novas formas de colaboração entre comunidades paroquiais. A educação da fé das crianças, adolescentes, jovens e adultos exige esta comunhão de esforços, preparação, dedicação, alegria, juventude, para tornar o rosto da Diocese imagem de Jesus Cristo e esperança para o mundo. Setembro é mês de pensar, reflectir, programar a pastoral, alimentando e fortalecendo aquela esperança que nos segreda que o mais belo ainda está para vir. † Teodoro de Faria, Bispo do Funchal

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Agência ECCLESIA

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