Alfredo Teixeira defendeu, no terceiro dia de reflexões na Escola de Teologia de Viana do Castelo sobre “Que futuro para a Igreja?”, que as novas formas de pertença religiosa representam um desafio para a Igreja Católica «muito maior» do que a «deserção numérica dos fiéis». O teólogo e antrópologo da Universidade Católica em Lisboa defende que «aumentou o número» dos que passam a ter uma «frequência mais ocasional e livre, menos contínua e mais “pessoal”», escolhendo os locais, momentos e ritos com que entendem «cumprir os seus deveres religiosos», e «não aumentou propriamente o número dos que simplesmente abandonaram definitivamente a Igreja e a Missa dominical». Referindo um estudo de Marinho Antunes, antigo director do Centro de Estudos Sócio- -Pastorais da Universidade Católica, hoje Centro de Estudos de Religiões e Culturas que o mesmo Alfredo Teixeira coordena, enquanto que no Recenseamento da Prática Dominical de 2001 «o número dos praticantes assinalou 20 por cento em Portugal», um inquérito por amostragem, na mesma data, revelou que «66 por cento dos portugueses se consideram a si mesmos como praticantes», ou seja, «redefiniram individualmente as coordenadas daquilo que é ser ou não praticante, indiferentemente da opinião ou doutrina da instituição eclesial». Por outro lado, em 2000, Portugal apareceu num inquérito europeu como o país em que os cidadãos mais confiam na Igreja (78 por cento), seguindo- se a Polónia (67 por cento) e a Itália (66 por cento). Depois de também participar na Semana de Estudos Teológicos em Braga, Alfredo Teixeira terminou a sua conferência em Viana, questionando se a Igreja tem capacidade para responder a este desafio da nova configuração religiosa dos católicos portugueses. Na sequência da Visita Ad Limina e do discurso de Bento XVI, destacou que «a Igreja deve comunitarizar os fiéis diante desta nova tendência do fenómeno religioso centrado no individualismo e numa espécie de personalismo exagerado ».