Igreja deve criar «vita comunis»

Teólogo alemão pede reconfiguração das paróquias e comunidades no Congresso Internacional «À Escuta da Palavra»

O teólogo alemão Gisbert Greshake afirmou que a Igreja tem de caminhar no sentido da instituição de uma «vita comunis» entre os seus presbíteros, à imagem das primitivas comunidades cristãs. No terceiro dia do Congresso Internacional «À Escuta da palavra», o teólogo alemão referiu que “as paroquias deviam dar lugar a centros espirituais, ao jeito de mosteiros beneditinos alargados, e a entrega das comunidades locais à presidência de leigos”.

Na conferência «As transformações actuais na Igreja e o Ministério Presbiteral», Gisbert Greshake criticou a acção apstoral orientada para o resultado, para “o número, a quantidade e a eficiência”. Ao invés, Greshake projectou uma Igreja na qual a “práxis produtiva dá lugar a uma práxis da realização, gratuita e amorosa”, “tal como alguém que oferece flores num gesto aparentemente inútil porque aparentemente nada produz.

Também da parte da manhã, D. Jean-Louis Brugués, secretario da Congregação para a Educação Católica da Santa Sé sustentou que o rigor da formação nos seminários deve ser atravessado pela virtude da benevolência.

O secretário da Congregação Vaticana, na conferência « Alguns desafios a sublinhar neste ano sacerdotal», sustentou a necessidade de “clima de confiança instalado em cada diocese entre o bispo e o responsável pela formação dos seminaristas, sendo que o primeiro é, em todo o caso, o responsável primeiro e último por essa formação”.

A esta formação rigorosa na benevolência, referiu, “não pode ser alheia a personalidade acolhedora dos responsáveis do seminário. Isto até porque os candidatos ao sacerdócio, na variedade dos seus perfis, não devem sentir que estão a ser julgados, mas acolhidos como filhos”.

“Não podemos esperar um florescimento das vocações enquanto o rosto do padre não for redefinido”, acrescentou depois, afirmando ainda que o sacerdócio já não enfrenta o monstro do passado (o ateísmo), mas algo de mais subtil, como a indiferença e a perda generalizada do gosto pela vida.

Miguel Miranda

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