D. José Tolentino Mendonça e velocista italiano Filippo Tortu inauguraram ciclo de debates promovido pelo Vaticano
Roma, 16 mar 2023 (Ecclesia) – O cardeal Tolentino Mendonça e o campeão olímpico italiano Filippo Tortu encontraram-se esta quarta-feira para o arranque de um ciclo de debates, promovido pelo Vaticano, em que apresentaram o desporto como manifestação de humanidade e espiritualidade.
“Falar de cultura é falar da nossa humanidade: quando falamos de desporto, temos de entender que o atleta não é uma máquina e sim uma pessoa que corre com o coração, com a cabeça, com o sonho de ser pessoa, com a alegria de uma vitória partilhada”, disse o cardeal português, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação (Santa Sé).
O colaborador do Papa, citado pela agência católica SIR, da Itália, sublinhou que a corrida implica “técnica, esforço, sacrifício, mas também algo inexplicável: existe um ato de amor”.
“O desafio mais importante nas artes, na cultura e no desporto é entrar em nós mesmos e construir a nossa interioridade. Um monge, como um atleta, passa muito tempo sozinho e acaba por construir a sua interioridade, é o desejo de todos nós”, acrescentou D. José Tolentino Mendonça.
O cardeal e poeta português recordou uma peregrinação a Santiago de Compostela, afirmando que a certa altura se “começa a rezar com os pés”.
A intervenção decorreu no primeiro encontro do ciclo ‘Quando o desporto te torna mais nobre’.
Esta é uma iniciativa conjunta do Dicastério para a Cultura e Educação, presidido pelo cardeal português, do Dicastério para a Comunicação e da “Athletica Vaticana”, a equipa da Santa Sé dedicada à prática de vários desportos.
O velocista italiano Filippo Tortu, medalha de ouro nos 4×100 metros livres nos últimos Jogos Olímpicos (JO), em Tóquio, referiu que, tal como na vida espiritual, o desporto enfrenta a possibilidade de “falhar”.
“O mais importante é ter dado tudo de mim para estar ali, partilhando uma jornada com pessoas que se tornaram uma família”, relatou, sobre a experiência nos JO.
O atleta disse que, para correr mais rápido, é preciso “confiar e deixar-se levar pelo que se fez durante a preparação”.
“Não gosto de falar de sacrifício: é a vida que escolhi, de que gosto. Tenho-me dedicado ao desporto: faz-me bem e os sacrifícios não me pesam. O objetivo do desporto é ser a melhor versão de si mesmo, física e mentalmente”, concluiu.
Os próximos convidados do mundo do desporto serão anunciados antes de cada encontro.
O Vaticano apresenta como exemplo o diálogo que, em março de 2022, envolveu, por iniciativa do jornal ‘L’Osservatore Romano’, o cardeal Tolentino de Mendonça e José Mourinho, treinador português, atualmente ao serviço da Roma, no campeonato italiano.
OC