Igreja/Desenvolvimento: 10 anos depois, «Laudato si» é responsável por «abertura de horizonte extraordinária», diz Susana Réfega

Diretora-executiva do movimento mundial dedicado à encíclica ecológica e social do Papa Francisco fala em «marco» para a humanidade

Lisboa, 10 jan 2025 (Ecclesia) – A diretora-executiva do Movimento ‘Laudato si’ (MLS), Susana Réfega, disse à Agência ECCLESIA que o 10.º aniversário da encíclica ecológica e social do Papa, que se celebra em 2025, comemora um percurso de abertura “extraordinária” a estas questões, na Igreja.

“A ‘Laudato si’ trouxe uma abertura de horizonte extraordinária, uma capacidade de olhar para estas questões alicerçando-as do ponto de vista teológico, social e científico, porque a encíclica consegue essa abertura. Gerou legitimidade dentro da Igreja, permitindo aos católicos fazer esse caminho, e também abriu muitas oportunidades de criatividade”, refere a responsável portuguesa.

Susana Réfega está em Lisboa para participar na conferência final do segundo programa de pós-doutoramento em Desenvolvimento Humano Integral, da Universidade Católica Portuguesa, intitulada ‘Integral Human Development: Pathways to the Common Good’ (Desenvolvimento Humano Integral: Caminhos para o Bem Comum).

O Papa Francisco publicou a ‘Laudato si’ em 2015 e, em 2021, lançou uma plataforma de ação que propõe uma “jornada” de sete anos para que todas as comunidades católicas “se tornem totalmente sustentáveis”.

Para a diretora-executiva do MLS, a última década representou um “caminho fantástico” dentro e fora da Igreja, consolidando o conceito de “ecologia integral”.

“Aa encíclica foi o motor para tantas congregações, comunidades, paróquias, dioceses na Europa fazerem um caminho muito mais estruturado, muito criativo, em volta destas questões”, assinala.

A entrevistada aponta a um ano de “celebração” pelo percurso percorrido, com a consciência de que “há muito caminho por fazer”.

Esta encíclica é um marco, não apenas para a Igreja, mas também para a humanidade, porque permitiu olhar para as questões ambientais de uma forma muito mais integrada, percebendo que tudo está interligado. Por isso não podemos falar apenas de uma crise ecológica ou ambiental, mas sim de uma crise social, de uma crise ambiental e de uma crise espiritual”.

Foto: Agência ECCLESIA/PR

A responsável sublinha o conceito de “dívida ecológica” que o Papa tem vindo a desenvolver, colocando-o em evidência nas celebrações do Jubileu 2025.

“É muito importante olharmos para esta questão da dívida ecológica, porque, de facto, muito dos desequilíbrios ambientais que temos hoje em dia têm a ver com a sobre-exploração dos recursos naturais”, assinala Susana Réfega.

A Universidade Católica Portuguesa promove entre quinta-feira e sábado a conferência ‘Integral Human Development: Pathways to the Common Good’ (Desenvolvimento Humano Integral: Caminhos para o Bem Comum).

Para a diretora-executiva do MLS, é “fundamental” atender à dimensão “integral” do desenvolvimento, que “vai muito além da economia e que passa pelo cuidado”.

“Estamos muito afastados da lógica de o desenvolvimento estar ligado às questões económicas apenas, é sobretudo um desenvolvimento que engloba todas as dimensões”, precisa.

O Movimento ‘Laudato si’ vai promover a 25 de janeiro uma vigília de 10 horas, pelo 10.º aniversário da encíclica papal, com início às 11h00 de Lisboa.

OC

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