Igreja descura pastoral penitenciária

Coordenador nacional alerta para a necessidade de olhar para além das prisões e apostar na prevenção e nas famílias A Igreja nacional tem ainda muito trabalho a desenvolver na pastoral penitenciária. Muitas são as dioceses que não estão organizadas no serviço aos reclusos. Uma lacuna que antes de ser organizativa é informativa, explica à Agência ECCLESIA o Pe. João Gonçalves, coordenador nacional da Pastoral dos reclusos. “Estamos muito longe de ter todas as dioceses organizadas com uma pastoral penitenciária”. O coordenador assume que durante muitos anos “estivemos voltados para os presos e para a comunidade prisional. Há uma boa presença na prisão”, mas as restantes dimensões precisam ser trabalhadas, porque a simples presença de um capelão na prisão não basta. O Pe. João Gonçalves indica a prevenção da criminalidade, o trabalho com as famílias, com as vítimas dos crimes, “a mediação penal que corresponde à ligação entre os reclusos e a vítima do crime”, e ainda inserção social. Um trabalho “muito grande que ultrapassa largamente a assistência religiosa no estabelecimento prisional”, resume. A primeira etapa fundamental é informar. Em Janeiro será lançado o livro «Marco para um plano pastoral penitenciário», baseado na mensagem de João Paulo II sobre as prisões, «Jubileu nos Cáceres». O Pe. João Gonçalves acredita que esta publicação “será uma etapa fundamental e um ponto de apoio essencial para estruturar verdadeiras comissões diocesanas de pastoral penitenciária”. O que não se está a fazer nas dioceses é ainda por falta de informação, aponta. “Faltam indicações sobre como é uma pastoral penitenciária devidamente organizada, pois não se reduz a visitadores e a um capelão”. Dividida em duas vertentes – social e religiosa, a pastoral penitenciária abre-se agora à área jurídica. “Os advogados e juristas vão ajudar a perceber que tipo de actuação os visitadores, voluntários e capelães podem ter em relação a todo o sistema prisional”. Este foi a principal ponto em discussão no encontro que juntou em Fátima, os juristas ligados à pastoral penitenciária. As condições dos estabelecimentos prisionais e o modo como estão a ser executadas as penas, foram assuntos debatidos. A reinserção social é o grande tema que se coloca aos reclusos saem. “Nesta área há muito a fazer, e não só em termos de leis e em concordância com a Direcção Geral dos Serviços Prisionais, mas também de toda a comunidade”, indica o coordenador. Há uma preocupação de fundo que visa a informação do público acerca do sistema penitenciário e das equipas de inserção social, para que se compreenda melhor esta área e ganhe maior destaque. “A pastoral penitenciária e a criminalidade não envolve apenas as prisões, o Ministério da justiça, a polícia, a Direcção Geral dos Serviços prisionais ou a Direcção Geral de Reinserção Social, mas com toda a sociedade e o país todo”, explica o Pe. João Gonçalves.

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Agência ECCLESIA

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