A celebrar 10 anos de dedicação, a Igreja de Marco de Canaveses recebeu a visita do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, integrada na segunda etapa do roteiro para a inclusão. Em declarações à Agência ECCLESIA o Pe. Fernando Silva referiu que este templo desenhado pelo arquitecto Siza Vieira recebe muitas visitas ao longo do ano. “Faz parte do roteiro religioso e acolhemos muitas visitas mesmo de Faculdades internacionais”. O centro paroquial, anexo à igreja e também da autoria do arquitecto, está na “fase final da conclusão” – salientou o pároco de Marco de Canaveses. Naquele templo, Aníbal Cavaco Silva fez uma homenagem às mulheres vítimas da violência doméstica e o bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho, sublinhou ao Presidente da República que poderia “contar connosco” no combate a estas situações. A obra de Álvaro Siza Vieira é um exemplo paradigmático de uma relação recíproca entre o local e o global, provavelmente a questão crucial para as disciplinas relacionadas com a produção do espaço desde finais dos anos sessenta. “Esta obra inspira-nos e ajuda-nos a celebrar” – disse o Pe. Fernando Silva. Ao qualificar este espaço religioso, o pároco recorda que nas visitas guiadas feitas costuma citar Fernando Pessoa: “A Coca-Cola é um líquido estranhável mas depois torna-se intranhável”. E acrescenta: “no início há um corte quase radical com a arquitectura religiosa mas depois…”. O simbolismo religioso está patente naquela obra arquitectónica. “O silêncio, a luz e a altura” – disse o Pe. Fernando Silva. Para Siza Vieira, a universalidade não é sinónimo de neutralidade, não é um aspecto da expressão Arquitectónica, é uma capacidade de criar desde as raízes. Como uma árvore que se abre. Do seu lápis saiu uma obra que marca a história mas “ele nunca se definiu do ponto de vista religioso”. Esta igreja tem elementos comuns a “toda a religião e a todo o espírito de transcendência”. Na elaboração do projecto, Álvaro Siza Vieira teve uma equipa de teólogos e liturgistas a trabalhar com ele. “Ao entrarmos neste templo ficamos extasiados” – frisou o pároco. Com uma porta original – dez metros de altura – Siza utiliza o simbolismo para explicar que “Cristo é a Porta”. A comunidade apercebe-se de todo este simbolismo porque “publicámos na folha dominical a explicação daquele todo integrado”. Outro ponto original desta igreja são os bancos individuais. “Cada um na Igreja tem vez, voz e nome depois do Baptismo” – avançou. Em relação à Imagem de Maria – “voltada para o altar” -, o Pe. Fernando Silva realça que ela “pertence à assembleia e está ao nosso nível porque é nossa mãe”. E conclui: “temos registadas cerca de 20 mil visitas anuais”. Notícias relacionadas • Alcoolismo é uma das grandes causas da violência doméstica • Cavaco Silva continua roteiro para a inclusão