D. Francisco Senra destacou a dimensão missionária e a bondade do antigo responsável pela diocese alentejana

Évora, 22 mar 2019 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora presidiu hoje à Missa exequial de D. Maurílio de Gouveia, bispo da diocese alentejana entre 1981 e 2008, e destacou na homilia a dimensão missionária do seu ministério, vivido com “intensidade” e com “bondade”.
“Para sempre nos fica gravado no coração a profundidade do seu olhar e a bondade do seu sorriso”, disse D. Francisco Senra na Basílica Metropolitana de Évora.
D. Maurílio de Gouveia faleceu esta terça-feira, dia 19, na Madeira, vítima de doença prolongada; após a celebração de uma Missa na Sé do Funchal, os restos mortais do antigo arcebispo de Évora foram transladados para a diocese alentejana esta quinta-feira, onde D. Francisco Senra presidiu à Missa exequial e ao cortejo fúnebre para a Igreja do Espírito Santo, onde fica sepultado no Panteão dos Arcebispos.
Na homilia da Missa, o atual arcebispo de Évora valorizou a intensidade com que D. Maurílio de Gouveia assumia as suas responsabilidades e “a sua proximidade, a sua dignidade, a riqueza humana e capacidade de diálogo e empatia com todos, ricos e pobres, crentes e não crestes”.
D. Francisco Senra disse que o antigo arcebispo de Évora viveu um declarado “compromisso missionário”, não com uma “atitude de comodidade e indiferença, mas de entrega”.
“Temos de agradecer ao Senhor este bispo, a sua dedicação e incansável serviço prestado à Igreja de Évora”, afirmou D. Francisco Senra.
A Missa exequial de D. Maurílio de Gouveia foi presidida pelo atual arcebispo de Évora, D. Francisco Senra, e concelebrada pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, o núncio apostólico em Portugal, D. Rino Passigato, o arcebispo emérito de Évora, D. José Alves e cerca de duas dezenas de bispos, sacerdotes, religiosas, religiosas e leigos.
D. Maurílio de Gouveia: “Temos uma herança a cumprir” (D. Francisco Senra); “Pertence à geração dos bispos que implementaram o Concílio Vaticano II em Portugal” (D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa); “Percorreu todos os recantos da Diocese e a todos levou uma palavra de alegria, de esperança e entusiasmo” (D. José Alves); “Um homem de valores, mas muito próximo, muito afável de todos” (D. Amândio Tomás); “Sou bispo devido a ele” (D. Manuel Madureira Dias); “Faço parte dos primeiros dois que ele ordenou na diocese” (Padre Morais Palos)
PR
| Biografia de D. Maurílio Gouveia
D. Maurílio Jorge Quintal de Gouveia, filho de Aires Romão Freitas Gouveia e de Matilde Maria Quintal de Gouveia, nasceu a 5 de agosto de 1932 em Santa Luzia, no Funchal; cumpriu a sua etapa vocacional no Seminário Diocesano do Funchal e foi ordenado sacerdote a 4 de junho de 1955. Aos 22 anos seguiu para Roma, para prosseguir os seus estudos, e formou-se em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana, tendo tirado também uma pós-graduação em Teologia Pastoral, na Pontifícia Universidade Lateranense. Após este período, regressou à Madeira para exercer várias missões pastorais, como a de vice-reitor do Seminário do Funchal e professor de Teologia na mesma instituição. A 26 de novembro de 1973, aos 41 anos, D. Maurílio de Gouveia recebeu a sua nomeação episcopal, como bispo titular de Sabiona e bispo auxiliar de Lisboa, através do Papa Paulo VI. A ordenação episcopal de D. Maurílio de Gouveia foi celebrada pelo então cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, a 13 de janeiro de 1974. Quatro anos mais tarde, a 21 de maio de 1978, o bispo madeirense foi nomeado arcebispo titular de Mitilene, e a 17 de outubro de 1981, aos 49 anos de idade, chegou para D. Maurílio de Gouveia a nomeação como arcebispo de Évora, por intermédio do Papa João Paulo II, sucedendo a D. Frei David de Sousa. A tomada de posse de D. Maurílio de Gouveia como arcebispo de Évora aconteceria três meses mais tarde, a 8 de dezembro de 1981, no dia da festa da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, padroeira principal de Portugal e da Arquidiocese de Évora. Ao longo dos 26 anos em que tomou conta dos destinos da arquidiocese alentejana, D. Maurílio de Gouveia destacou-se pelo empenho pastoral, assumindo como pioneiro num trabalho de proximidade com as comunidades católicas locais. “Como estive no terreno, conheci as pessoas, entrei nas suas casas, visitei escolas e fábricas e pude experimentar bem a alma alentejana”, destacava D. Maurílio de Gouveia. Em 2007, por ter atingidos os 75 anos, idade limite para o desempenho da missão episcopal, segundo a lei canónica, D. Maurílio de Gouveia apresentou ao então Papa Bento XVI a sua resignação ao cargo de arcebispo de Évora. A 8 de janeiro foi anunciado o nome do novo arcebispo de Évora, D. José Alves, com D. Maurílio de Gouveia a assumir o cargo de Administrador Apostólico até à tomada de posse do seu sucessor, que viria a acontecer a 17 de fevereiro de 2008. “Sinto-me muito feliz por tudo aquilo que pude viver aqui nestes 26 anos. Foi uma experiência muito gratificante. Estou muito grato a Deus por tudo aquilo que pude viver nestes anos, sobretudo pela amizade que se estabeleceu com todas as populações, famílias e pessoas individualmente”, destaca também na hora de deixar o cargo. Os seus últimos anos, já com uma saúde muito debilitada, foram passados entre o Seminário de São José, em Vila Viçosa, e a terra natal, no Funchal; do seu percurso constam também cargos como os de presidente das Comissões Episcopais para o Apostolado dos Leigos e para as Comunicações Sociais. A sua veia para a comunicação, que demonstrou de forma mais evidente ao longo do seu trabalho na Arquidiocese de Évora, ficou também expressa na sua ligação a projetos como o Jornal da Madeira, do qual foi diretor; e à criação literária. Entre a sua obra bibliográfica estão livros como ‘Cristãos Exemplares’, ‘Eu sou o Pão da Vida’, ‘O Eremitério Maria Serena’, ‘Uma Comunidade de Cristãos – A Paróquia na Missão da Igreja’, ‘Magnificat’ e ‘Rumo ao Céu’, esta última já uma coletânea de pensamentos do arcebispo emérito reunida pelo cónego Cardoso de Melo. Ainda no campo literário, e do legado deixado por D. Maurílio de Gouveia, inclui-se a obra ‘Concílio, Diocese e Evangelização’, apresentada no âmbito dos 50 anos de sacerdócio do arcebispo emérito, em 2005, com uma entrevista conduzida pelo então sacerdote e professor de História da Igreja no Instituto Superior de Teologia de Évora, D. Francisco José Senra Coelho, atual arcebispo de Évora. JCP |
