Igreja: D. Manuel Clemente diz que resignação de Bento XVI «é reveladora» da seriedade com que encara a sua missão

Papa vai abdicar a 28 de fevereiro por já não se sentir com «forças» para corresponder aos desafios atuais

Lisboa, 11 fev 2013 (Ecclesia) – O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa considera que a resignação de Bento XVI, hoje anunciada no Vaticano por motivos de falta de “forças” e “idade avançada”, demonstra a seriedade com que o Papa encara a sua missão.

Em entrevista à Rádio Renascença, D. Manuel Clemente admite que “não estava minimamente preparado para receber” esta notícia, no entanto realça que ela “é reveladora de um testemunho de sabedoria, de coragem e de verdade com que Bento XVI assumiu as funções tão difíceis de sucessor de Pedro”.

Esta manhã, durante um Consistório público para a promulgação de três novos santos da Igreja Católica, o Papa transmitiu aos membros do colégio cardinalício a sua intenção de abdicar do cargo a partir do dia 28 de fevereiro, abrindo assim caminho para a eleição de um novo Papa.

“Cheguei à conclusão de que as minhas forças, por causa da idade avançada, já não são adequadas para exercer de forma apropriada o ministério petrino”, disse Bento XVI aos seus colaboradores mais próximos.

O Papa salientou ainda que a sua reflexão teve em conta o momento atual “de grande importância” que a Igreja está a viver, e surgiu “após ter repetidamente examinado a sua consciência diante da Deus”.

Joseph Ratzinger, eleito em abril de 2005 para suceder a João Paulo II, completa 86 anos de idade dentro de 2 meses.

D. Manuel Clemente esteve com Bento XVI em outubro, durante o último sínodo dos bispos, e admite ter encontrado um Papa em “evidente fraqueza física” mas ainda “absolutamente capaz do ponto de vista mental”.

Apesar de “algumas dificuldades de locomoção, ele teve uma atenção muito grande aos trabalhos. Nas intervenções em que esteve presente, e foram muitas, demonstrou muita sabedoria nas suas intervenções espontâneas”, sustenta o Bispo do Porto.

No entanto, a “maior complexidade dos problemas e a maior disponibilidade que exigem levaram o Papa a tomar esta decisão, que deve ser respeitada”, conclui D. Manuel Clemente.

A resignação de Bento XVI vai ter efeito a partir das 20h00 (menos uma em Lisboa) do dia 28 de fevereiro, altura em que a Igreja ficará em estado de “Sé Vacante” até que um novo Papa seja escolhido através de um Conclave eleitoral.

O Código de Direito Canónico, prevê a possibilidade jurídica de renúncia por parte do Papa e esta renúncia não precisa de ser aceite por ninguém para ter validade, como indica o Cânone 332.

O que se exige é que o Papa renuncie livremente e que manifeste a sua decisão de modo claro e público, como aconteceu esta manhã no Vaticano.

O último caso de renúncia, situação pouco comum na história da Igreja, tinha sido o do Papa Gregório XII, em 1415.

RR/JCP/OC

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