«Momentos de forte experiência pessoal, quando autênticos, abrem sempre para a comunidade», referiu patriarca emérito de Lisboa, no Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica

Fátima, 29 jul 2025 (Ecclesia) – O cardeal D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa, destacou a centralidade das celebrações dominicais, falando na abertura do Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, a decorrer em Fátima.
“O local por excelência do encontro com o Senhor Ressuscitado é precisamente esta reunião dominical onde o encontramos no meio de nós. Também para não esquecermos que mesmo os momentos de forte experiência pessoal, quando autênticos, nos abrem sempre para a comunidade. Aliás, é a garantia de que são autênticos”, declarou o patriarca emérito de Lisboa, numa conferência intitulada ‘Liturgia, encontro com Jesus Cristo’.
O cardeal português falou da Missa dominical como “ocasião por excelência para experimentar a presença do Ressuscitado e ultrapassar os intimismos e subjetivismos que podem isolar dos outros e desencontrar Deus mesmo”.
A Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade e o seu Secretariado Nacional de Liturgia promovem entre os dias 28 e 31 de julho o 49.º Encontro de Pastoral Litúrgica, com o tema ‘Liturgia: Encontro com Jesus Cristo’.
O patriarca emérito de Lisboa destacou a importância desta temática para um “mundo muito desencontrado”.
“Nações desencontradas umas das outras, em conflitos que hoje assumem dimensões de grande aflição para alguns, para muitos e preocupantes para todos. Desencontros entre necessidades primárias insatisfeitas para multidões e a possibilidade de lhes corresponder com recursos que não faltariam se fossem solidariamente partilhados. Desencontros, a nível planetário, entre a humanidade e a natureza circundante, pouco respeitada e muito descuidada”, precisou.
Para D. Manuel Clemente, neste contexto, “tomar a liturgia como ocasião e fator de encontro com Jesus Cristo ganha mais urgência e reforço”.
A conferência abordou uma das respostas da assembleia, nas celebrações eucarísticas, segundo a tradução portuguesa: “Ele está no meio de nós”.
“Esta particularidade litúrgica portuguesa insere-se muito bem na universalidade da garantia de Cristo. Quando estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu estou no meio deles”, sustentou.
O patriarca emérito de Lisboa insistiu na necessidade de ver o domingo como “o princípio de cada semana”, em vez do seu fim, considerando que “ter consciência disso é ganhar também a cadência cristã, própria de quem quer realmente viver com Cristo e a partir de Cristo”.
A intervenção destacou a centralidade da liturgia na vida da Igreja, como proposta pelo Concílio Vaticano II, como ato comunitário de participação ativa.
D. Manuel Clemente convidou a integrar na vida da comunidade outras formas de oração litúrgica, como a Liturgia das Horas, e de criar espaços de acolhimento e oração nas igrejas, envolvendo leigos e valorizando os ministérios.
O cardeal realçou, no começo da sua intervenção, que a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II “teve em Portugal uma concretização muito especial, na qualidade e até na quantidade de produção”.
OC