Responsável reconhece que mudança, após seis anos, é situação pouco «agradável»
Setúbal, 28 jan 2022 (Ecclesia) – D. José Ornelas publicou hoje uma mensagem à Diocese de Setúbal, no dia em que o Papa o nomeou como novo bispo de Leiria-Fátima, assumindo que parte com “saudade”.
“Quando cheguei cá, pensava que tinha pela frente 14 anos para servir a Igreja como bispo, não esperava nada que depois de seis anos – dois dos quais, quase dois e meio em pandemia – por esta mudança”, refere à Agência ECCLESIA.
O responsável foi nomeado bispo de Setúbal a 24 de agosto de 2015 e a sua ordenação episcopal teve lugar a 25 de outubro do mesmo ano, na Catedral da diocese sadina, onde tomou posse.
D. José Ornelas explica que o Papa o chama agora para um “novo desafio”, que acolhe com sentido de serviço à Igreja e de “disponibilidade”, reconhecendo que esta “não é uma situação agradável” para a Diocese de Setúbal.
“Para fazer um trabalho, um bispo precisa de mais tempo”, observa.
O bispo mostra a sua convicção de que a diocese sadina tem “um grande futuro”, partindo com “saudade” de uma Igreja de que aprendeu “a gostar”.
É uma grande alegria que levo no coração: foi um privilégio muito grande ter conhecido esta diocese, ter vivido aqui, ter sido Igreja aqui, com esta gente, com este povo, com esta Igreja que é Setúbal desde as suas origens”.
O responsável revela que escreveu uma carta ao Papa, a respeito da nova missão que lhe foi pedida.
“Saio daqui com saudade, mau seria que a não sentisse. Na carta que escrevi ao Papa, disse-lhe: parto daqui triste, mas não vou triste. Vou, a minha atitude sempre foi essa, livre e disponível para trabalhar onde Deus chama”, relata.
D. José Ornelas convida a comunidade católica de Setúbal a “olhar em frente”, destacando que a diocese “não fica abandonada”.
O bispo ficará como administrador até à entrada em Leiria-Fátima, a 13 de março, altura em que o Colégio de Consultores vai eleger um administrador diocesano, que dirige a Igreja local até à chegada do novo bispo.
“Esperamos que não demore muito, porque isso não é bom”, adverte.
D. José Ornelas defende uma Igreja diferente, mais sinodal, “em que a participação de todos é fundamental”.
O responsável publicou uma mensagem de “gratidão, estima e esperança” à diocese sadina.
“Aqui, convosco, aprendi a ser bispo, embora com muitas deficiências, erros e falhas, de que vos peço perdão e que procurarei melhorar. Não nego que a partida me causa tristeza, não por mim, mas pelos projetos que estavam a surgir ou esperando melhores condições para serem lançados. Ficam nas mãos de Deus e confiados ao vosso discernimento e do próximo bispo”, escreve.
O texto destaca a ação de todos os que “dão vida” a esta Igreja local, “na catequese, no meio dos jovens, no cuidado dos mais desprotegidos e fragilizados”, bem como os que, nos cargos públicos e em tantas instituições civis, “foram interlocutores e parceiros essenciais na tarefa comum de criar um futuro melhor para todos, sob a poderosa e carinhosa mão de Deus”.
O bispo mostra-se pronto para receber os diocesanos de Setúbal em Leiria e em Fátima.
“Pedirei que Maria, a Mãe de Jesus e da Igreja, seja sempre vossa intercessora e vosso modelo na escuta de Deus e na realização do seu projeto na Igreja de Setúbal e na transformação do mundo. E peço-vos que oreis também por mim ao Senhor de toda a Igreja”, conclui.
OC
D. José Ornelas Carvalho nasceu a 5 de janeiro de 1954, no Porto da Cruz (Madeira), tendo feito a sua formação religiosa na Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos); foi ordenado padre na sua terra natal, a 9 de agosto de 1981.
Especialista em Ciências Bíblicas, com o grau de doutor em Teologia Bíblica pela Universidade Católica Portuguesa, foi docente desta instituição académica entre 1983-1992 e 1997-2003. Foi superior da Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus, cargo que assumiu a 1 de julho de 2000; seria eleito superior geral dos Dehonianos a 27 de maio de 2003, cargo que ocupou até 6 de junho de 2015. Após estes mandatos, D. José Ornelas Carvalho tinha sido indigitado, a seu pedido, para uma missão em África, mas o Papa Francisco nomeou-o bispo de Setúbal, em agosto de 2015. Em junho de 2020 foi eleito presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. O Papa nomeou-o como bispo de Leiria-Fátima, neste dia 28 de janeiro, sucedendo a D. António Marto. A diocese sadina foi criada em 1975, através da bula ‘Studentes Nos’, por Paulo VI, e o seu primeiro bispo foi D. Manuel Martins, que desempenhou estas funções entre 1975 e 1998. Sucedeu-lhe D. Gilberto Reis, entre 1998 e agosto de 2015. Com uma população católica distribuída por 55 comunidades paroquiais, a Diocese de Setúbal tem aproximadamente uma superfície de 1500 quilómetros e uma população de cerca de 700 mil habitantes, abrangendo nove concelhos – Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal – e ainda três parcelas territoriais que integram a paróquia da Comporta (freguesia da Comporta, uma parcela da freguesia de Santa Maria do Castelo, ambas pertencentes ao Concelho de Alcácer do Sal; e Troia, pertencente à freguesia de Carvalhal, Concelho de Grândola). |
Igreja/Portugal: D. José Ornelas é o novo bispo de Leiria-Fátima (c/vídeo)