Igreja: D. José Cordeiro alerta para o perigo de «fazer do rito um ritualismo»

Bispo de Bragança-Miranda é um dos oradores presentes nas jornadas de formação do clero da Diocese de Setúbal, dedicadas ao tema da liturgia

Setúbal, 21 jan 2014 (Ecclesia) – A Diocese de Setúbal iniciou hoje em Almada uma jornada de formação para o clero dedicada à temática da liturgia, com especial enfoque nas transformações operadas a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965) e da Constituição ‘Sacrosanctum Concilium’.

Em declarações à Agência ECCLESIA, D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda e um dos oradores convidados para o evento, destacou o impulso que o Concílio deu à liturgia e sobretudo à Eucaristia enquanto forma de “participação ativa, consciente e frutuosa no mistério de Cristo”.

“O objetivo da liturgia é mesmo este, nós congregamo-nos para a escuta da Palavra, para a celebração do mistério da pessoa de Cristo e para antevermos a glória mesma de Deus, é esse o dom, o compromisso a que a liturgia nos conduz”, aponta o prelado.

A conferência de D. José Cordeiro privilegiou a reflexão acerca do “verdadeiro espírito da liturgia”, enquanto motor de evangelização e “primeira escola de fé”.

Para o bispo, os sacerdotes correm sempre o risco de “fazerem do rito um ritualismo, um rubricismo”, quando “o rito é apenas um meio para tornar visível o mistério de Cristo e da Igreja”, um “lugar de encontro que torna visível o invisível, por ação dos gestos e das orações”.

A liturgia só tem sentido enquanto “ação comum da Igreja” tendente a conduzir os homens “à santificação” pessoal “e à glorificação de Deus, por isso é um manancial enorme de evangelização, de modo especial a eucaristia e os sacramentos”, salienta o responsável católico.

D. José Cordeiro abordou depois os desafios atuais colocados à liturgia e à ação da Igreja, num tempo marcado por novas formas de comunicação e de difusão de conteúdos.

Apesar de reconhecer que a Igreja não pode ficar presa ao passado, o bispo alerta que no que respeita a “mudanças, dentro da própria celebração litúrgica, não vale tudo, só valem os meios que levam a um maior encontro, a uma maior relação com Cristo e com os irmãos que se congregam em nome de Cristo”.

A jornada de formação do clero da Diocese de Setúbal vai prosseguir até quinta-feira, no Seminário de São Paulo, em Almada, com a participação de diversos oradores, como o antigo diretor do Secretariado das Comunicações Sociais da Igreja, padre António Rego e o cónego António Ferreira dos Santos, responsável pelo setor da Liturgia na Diocese do Porto.

LS/JCP

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top