Presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 descarta possibilidade de gesto simbólico entre peregrinos ucranianos e russos, no atual contexto
Lisboa, 16 jul 2023 (Ecclesia) – O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, D. Américo Aguiar, prossegue este domingo a sua viagem à Ucrânia, onde se encontra desde sábado, a convite da Conferência Episcopal local, celebrando com jovens e comunidades católicas.
A visita passou pela Catedral de Lviv (comunidade de Rito Latino), onde o bispo auxiliar de Lisboa se encontrou e abençoou a família de um militar morto em combate.
D. Américo Aguiar visitou ainda o Santuário da Mãe de Deus, em Zarvanytsia, onde se encontrou com jovens peregrinos ucranianos, tendo ainda concelebrado Missa com o arcebispo-mor da Kiev (comunidade greco-católica), D. Sviatoslav Schevchuk.
“Assistir a estas coisas ao vivo é particularmente doloroso e não me sai da imagem e do coração o jovem a receber a Ucrânia junto ao caixão do seu pai”, disse D. Américo Aguiar aos jornalistas portugueses.
A visita está a ser acompanhada por uma delegação da Conferência Episcopal Ucraniana bem como pelo núncio apostólico em Kiev.
Disse-lhes que vinha de Portugal, trazia a [mensagem] de Nossa Senhora de Fátima, por quem eles têm particular devoção e que lá o Papa disse que temos Mãe. E chegamos aqui ao santuário Mariano e que lhe pedimos a mesma coisa: temos Mãe e é no coração da Mãe que nós colocamos as nossas alegrias, tristezas, os nossos sorrisos e as nossas lágrimas”.
Questionado pela Renascença, o futuro cardeal admitiu que ainda é cedo para juntar jovens ucranianos e russos num momento simbólico na JMJ Lisboa, que decorre entre 1 e 6 de agosto.
“Estou a trabalhar em gestos simbólicos do que possa acontecer, nós temos de entender que era bonito colocarmos no mesmo encontro jovens ucranianos e russos, mas o que eu ouço aqui é que ainda é cedo para isso acontecer. É muito bonito e poético sentar à mesa o agredido e o agressor, o assassino e a família do assassinado, mas é preciso tempo. A dor não prescreve e a dor não sara e temos de fazer caminho”, declarou D. Américo Aguiar.
O bispo auxiliar de Lisboa falou aos jornalistas no Santuário de Zarvanytsia, principal local de peregrinação para os católicos na Ucrânia.
“Nós temos jovens russos inscritos e estamos a tentar resolver a questão das Maldivas. Vamos ver se todos conseguem chegar a Lisboa. Isso é outra questão”, acrescentou.
D. Américo Aguiar destacou a preocupação do Papa com todos os que não podem participar no encontro de Lisboa, “por razões económicas, sociais, ideológicas, liberdade religiosa”.
“Vim cá presencialmente dizer-lhes isso, e testemunhar-lhes que eles não vão lá, mas nós vimos aqui e levamo-los no coração. No coração não há distâncias”, declarou.
OC