Igreja/Cultura: Tolentino Mendonça sublinha papel da «dor» e da «dúvida» para a fé cristã

Jornadas de Teologia em Braga debateram o tema «Sofrimento: Para além do porquê!»

Braga, 05 mai 2016 (Ecclesia) – O padre José Tolentino Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), encerrou esta quarta-feira as jornadas teológicas sobre o tema ‘Sofrimento: Para além do porquê!’, sublinhando o papel da dor e da dúvida na vivência da fé.

“Há uma dimensão da dor humana, da ferida humana, da condição trágica que nos atravessa que, de facto, é inominável, que nenhuma palavra é capaz de dizer”, assinalou o poeta madeirense, na iniciativa promovida pela Associação de Estudantes da Faculdade de Teologia da UCP em Braga e a revista ‘Cenáculo’.

Perante centenas de pessoas reunidas no Auditório Vita, Tolentino Mendonça assinalou que a opinião pública tende a ver o escritor e poeta como “testemunha capaz de contar o sofrimento das pessoas”.

“A literatura não é um lugar de redenção”, mas o lugar “onde se mantém viva a pergunta, onde a ferida é mostrada”, numa “tensão expressiva”, observou.

O vice-reitor da UCP disse ser necessário rejeitar a ideia de Cristianismo como “solução barata” para aliviar as dores e os problemas da existência.

“É um discurso de banha da cobra. O que é um Cristianismo vital pode testemunhar é a ferida, a pergunta, a laceração”, advertiu.

A dor, o sofrimento, do ponto de vista da fé e da esperança cristãs, “é uma condição a ser vencida”.

Os católicos, defendeu Tolentino Mendonça, devem valorizar a experiência do “caminho, do fazer da fé”.

“A ferida prepara-nos para a fé no impossível”, prosseguiu.

Falando da fé como um “paradoxo” em vez de “um bunker, um lugar de certezas”, o autor convidou crentes e não crentes a dialogar a partir das “dúvidas”.

A XXVIII edição destas jornadas decorreu desde segunda-feira, tendo contado com a presença de especialistas como o padre Tomás Halík (vencedor do Prémio Templeton 2014), Filipe Almeida (consultor da Academia Pontifícia para a Vida), Margarida Cordo (psicóloga) e o padre Jorge Vilaça (assistente espiritual no Centro Hospitalar do Médio Ave).

OC

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