«As pessoas gostam de ver e tocar, e saborear também, desta vez, o saborear está no centro das atenções» – Padre Basileu Pires
Macedo de Cavaleiros, 14 out 2025 (Ecclesia) – As Jornadas Culturais de Balsamão 2025 (Diocese Bragança-Miranda) vão refletir e visitar o tema da ‘mesa transmontana’, “o saborear está no centro das atenções”, de 16 a 19 de outubro, no convento dos Marianos, em Chacim (Macedo de Cavaleiros).
“Isto tem sido uma experiência muito bela. Porque mesmo para nós, estas visitas dão-nos um conhecimento muito mais profundo da nossa região, e nós procurámos também espelhar nas atas das conferências”, disse o presidente do Centro Cultural de Balsamão, padre Basileu Pires (Marianos), à Agência ECCLESIA.
O programa das Jornadas Culturais de Balsamão 2025 tem apresentações, reflexão e debates, visitas culturais, gastronómicas e degustações, e celebração, com vários oradores, ao longo de mais de três dias, de 16 a 19 de outubro.
“Temos um painel que é crenças rituais, a simbologia da refeição nas diversas religiões, na religião católica principalmente, à mesa com Jesus. Portanto, temos sugestões muito boas, a sacralização do alimento, os contextos orais transmontanos, ‘tempos e lugares’, estes tempos e lugares falamos na dimensão hospitaleira dos transmontanos, é uma hospitalidade incondicional de abrir as portas a todos aqueles que nos visitam”, salientou o sacerdote.
O presidente do Centro Cultural de Balsamão indicou também que vão falar “de lugares onde se come e se acolhe”, como a cozinha, a adega, a taberna, do campo, de refeições rituais – “nos dias de nomeada, como o Natal, na Páscoa, no entrudo, até nos casamentos” – e, no sábado, é característico nestas jornadas visitarem um município transmontano, este ano vão para Vinhais, terra de “enchidos”.
“Temos muito o que comer e o que falar. Da parte da manhã teremos várias comunicações – a arte de cozinhar, as confrarias transmontanas, que tem um tema muito interessante, a lógica da batata, arquiteturas e utensílios – e à tarde vamos visitar. Vamos visitar uma fábrica do fumeiro”, acrescentou.
Sobre estas visitas culturais das jornadas, o padre Basileu Pires explica que pretendem ter “conferências teóricas, mas também conhecer a realidade”, porque “a cultura é a maneira de viver de um povo”, e é importante as pessoas terem esse contacto.
“Aquilo que ainda se vive, aquilo que já se viveu, e que de alguma maneira se perdeu, e que se procura reconstruir, e isto é importante contactar. São jornadas culturais e isto atrai as pessoas, porque se conhece os locais onde se vive ainda esta tradição mais intensamente; as pessoas gostam de ver e tocar, e saborear também, desta vez, o saborear está no centro das atenções. Saborear os sabores, enfim, transmontanos, que são variados”, desenvolveu.
“A cultura é a maneira de viver de um povo, depois que encontra expressões obviamente artísticas, literárias, enfim, de diversa ordem. O Evangelho encarna nesta vida concreta das pessoas, sempre houve este encontro. Nós acreditamos que este encontro é fecundo para a fé, e para a cultura porque a cultura dá expressão à fé e a fé encarna-se com a cultura.”
A ‘cozinha transmontana’ está presente também no Convento de Balsamão, pelas “cozinheiras transmontanas”, e o entrevistado lembra “a sopa, o bacalhau, o prato cozido à portuguesa, a chouriça, a alheira”, e o padre Basileu Pires, sobre o seu prato preferido da variada mesa transmontana, contou que gosta muito “de batatas à murro com carne, ou com bacalhau, mas o prato preferido é o polvo”.
A abertura das Jornadas Culturais de Balsamão é da responsabilidade do presidente do centro cultural, onde vão entregar a documentação aos participantes, e inaugurar a exposição fotográfica ‘Rugas’, de Carlos Pedro, que tem a finalidade de assinalar “que a cultura tem expressões diversas”.
Estas jornadas são organizadas pelo Centro Cultural de Balsamão e pelo Convento de Balsamão, com o apoio científico da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD, da Universidade da Beira Interior – Praxis – Centro de Filosofia, Política e Cultural – UBI, com apoios de vários municípios, entidades, e associações.
“Trabalhamos sempre em parceria com as câmaras, geralmente com a Câmara de Maceiros Cavaleiros, e com o município com quem fazemos a parceria específica para cada jornada. E, depois, o apoio científico, ainda hoje alguém me telefonou dizendo se dávamos certificação. Podiam vir professores, e alunos da UTAD e da Beira Interior e nós credenciarmos, e seria também um atrativo”, explicou o presidente do Centro Cultural de Balsamão.
CB/OC