«É também uma provocação à comunidade» – Padre Nuno Pacheco de Sousa

Angra do Heroísmo, Açores, 07 mai 2025 (Ecclesia) – A exposição ‘Per Viam – Projeto para uma via-sacra’ alia “a fotografia da alma e da tradição com meditações literárias”, e pode ser visitada na igreja de Rabo de Peixe, até 30 de maio, informa a Diocese de Angra.
“O meu foco é sempre o território, sobretudo humano, e a identidade que se expressa na comunidade que procura sentido e se diz através de ritos e celebrações” explica a fotógrafa Andrea Santolaya, citada pelo portal online ‘Igreja Açores’, da Diocese de Angra.
Uma Via-Sacra em quatro estações, que é outra forma de fazer comunidade, a ‘Per Viam’, segundo a autora, é uma maneira de apresentarem “através das artes, da fotografia e da literatura uma viagem, uma peregrinação pela terra” para que possam “chegar a Jesus”.
O padre Nuno Pacheco de Sousa, pároco de Rabo de Peixe, explicou que “há muito que a Andrea e o marido queriam oferecer algo à Igreja”, mas faltava o texto que o sacerdote fez “e tudo acabou nesta Via Sacra”, nos relatos das quatro estações há Vitorino Nemésio (intelectual açoriano), Primo Levi (escritor italiano) ou do cardeal português José Tolentino Mendonça.
“Jesus, que aqueles que voltam dos campos das suas vidas, das suas missões, possam ter sempre um olhar tímido, mas acolhedor e disponível; um abraço que seja forte, mas que não esmague, antes alivie; uma vontade que seja fundeada na abnegação que só quem semeia ou planta, pode entender e multiplicar.” (3.ª estação)
Segundo o pároco de Rabo de Peixe, ‘Per Viam – Projeto para uma via-sacra’ “é também uma provocação à comunidade”, nomeadamente às pessoas que vão à Missa e, “se calhar até nem acham muita piada” à exposição.
“Mas vendo-se protagonistas ou ligados à tradição acabam por se envolver e sentir que afinal isto também são eles”, acrescentou o padre Nuno Pacheco de Sousa.
Patente ao público até 30 de maio, na igreja de Rabo de Peixe, esta instalação de quatro painéis cada um com várias fotografias, refere Andrea Santolaya, “é uma oferta a quem tanto tem aberto as portas”, a autora está a trabalhar temáticas a partir das vivências religiosas em Rabo de Peixe como as romarias quaresmais, as procissões ou as festas do Divino Espírito Santo.
“As comunidades dizem-se nos seus rituais e isso fascina-me”, indica ainda a fotógrafa espanhola, que já esteve com povos indígenas da selva da Venezuela, com ultra ortodoxos do Alasca, por exemplo.
Os quatro painéis de ‘Per Viam – Projeto para uma via-sacra’ “fazem parte do projeto ilha de São Nunca”, também vai estar no Museu Carlos Machado, em junho, e depois passa para a Galeria Fonseca Macedo, em Ponta Delgada.
Andrea Santolaya, fotógrafa natural de Madrid, há sete anos fez uma residência artística de um mês nos Açores, “foi ficando” do arquipélago português trabalha “para toda a Europa e para o mundo”, informa o portal online ‘Igreja Açores’.
A igreja paroquial do Senhor Bom Jesus, em Rabo de Peixe, é de 1735, ano em que terminou a construção da torre sineira e colocação do sino, uma edificação ao longo de 150 anos.
CB