Igreja/Cultura: Papa alerta para «maré crescente» de cultura da morte

Mensagem de Bento XVI marcou abertura do «Átrio dos Gentios», em Guimarães, que reúne centenas de pessoas

Guimarães, Braga, 16 nov 2012 (Ecclesia) – Bento XVI alertou para a “maré crescente da cultura da morte” numa mensagem enviada aos participantes no Átrio dos Gentios, projeto de diálogo entre crentes e não crentes, que decorre em Guimarães e Braga entre hoje e amanhã.

O texto foi lido por Isabel Varanda, coordenadora geral do evento, perante centenas de pessoas reunidas no Auditório Nobre da Universidade do Minho, em Guimarães, Capital Europeia da Juventude em 2012.

O Papa dirigiu-se a “crentes e não crente” para lembrar a “sacralidade da vida”, em linha com o tema escolhido para a sessão minhota do evento, ‘O Valor da Vida’.

“Mesmo entre dificuldades e incertezas, cada homem e cada mulher podem chegar a reconhecer na lei natural, inscrita no coração, o valor sagrado da vida humana”, escreveu o Papa.

“Cada um de nós não é produto do acaso, é fruto do pensamento de Deus”, acrescentou Bento XVI, sublinhando que “Deus ama cada pessoa”.

Segundo o Papa, na modernidade o ser humano quis “fundar-se sobre si mesmo”, como um edifício sem janelas, mas “mesmo em tal mundo autoconstruído vai-se beber aos recursos de Deus”.

“É preciso abrir de novo as janelas”, apelou.

Bento XVI defende que “o valor da vida só se torna se Deus existe” e diz mesmo que “seria bom se os não crentes vivessem como se Deus existisse”, caso contrário “o mundo não funciona”.

“Em Deus, caem os muros da separação”, refere o texto.

D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, dirigiu-se aos presentes para afirmar que “ao contrário das arenas dos romanos, nesta arena do diálogo, típica do Átrio dos Gentios, todos saem vencedores”.

O responsável sustentou que é preciso mitigar o “escândalo confrangedor da miséria humana” para surja uma capacidade de sair de uma “mentalidade de contraposição”.

O prelado falou na importância de uma nova mentalidade num “quadro plural, unicamente compreendido na defesa do ser humano e da obra da criação”.

“Mais do que converter, a Igreja deseja sair dos seus muros, projetos e conceitos, para dialogar com a cultura” e para oferecer uma “esperança responsável para o povo português”, concluiu.

D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura, organismo da Santa Sé que dinamiza esta iniciativa, afirmou por sua vez que o Átrio dos gentios “abre para a possibilidade interior de um encontro de pessoas que não renunciam à inquietude, têm energia exigente para colocar as grandes questões, com os pés na terra globalizada e em luta com o Altíssimo e Bom Deus”.

O bispo português referiu que o átrio “é espaço para mútua disponibilidade e entendimento sobre o valor da vida, como nação em demanda de nova vida coletiva e como indivíduos, abarcando a genética e atendendo à espiritualidade”.

“A humanidade está demasiado debilitada, a chegar à vivência do limite, para recusar unir crentes e não crentes na busca conjunta de uma vida plena, menos farta e mais solidária, menos sucedida e mais genuína, menos banal e mais significativa, menos imediata mas que prepara o futuro” alertou.

O Átrio dos Gentios prossegue com uma conferência de Marcelo Rebelo de Sousa, comentador e professor universitário, sobre o tema ‘Identidade e sentido da vida de um povo’, após o concerto da Fundação Orquestra Estúdio de Guimarães e do coro da licenciatura em música da Universidade do Minho.

O Átrio dos Gentios pode ser seguido com emissão vídeo online, em direto, assegurada pela Agência ECCLESIA, em parceria com o portal SAPO.

OC

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